Desobediência real é a regra

Meus caros, Oscar Wilde já escovou a casaca no túmulo, mundo afora o fundamental está esquecido: agora só vale o casamento de William e Kate, amanhã cedíssimo, no horário brasileiro. A previsão é de chuva, melhor capricharmos no laquê, mesmo que para assistir pela televisão. É o evento do ano, melhor não arriscar. A humanidade quer saber qual  tiara de brilhantes a menina vai usar, se homenageará a falecida sogra, cujo fantasma a (todos) persegue, ou se vai ser cordial (e servil) para com a Rainha, aceitando a que esta lhe ofereceu, que teria sido usada pela velha rainha Mary, avó de Lillibeth. E o vestido? Na 25 de Março, as lojas mantêm seus bolivianos de plantão, pois cópias do vestido deverão ornar as vitrines antes mesmo do feliz casal deixar a catedral, rumo ao rega-bofe em Buckingham, para o qual apenas 600 felizardos estão convidados, os outros que afoguem as mágoas em outro canto. Todos os portais da net deram, essa manhã, as fotos do ensaio na catedral, e informam que, tal como Diana, a noiva de amanhã retirou, da fala oficial, o juramento expresso de obedecer ao marido – basta amar, confortar, honrar e proteger, como dizem ser a versão final. Calma, moçada, isso não quer dizer que a donzela (não é mais!) vá se encher de caprichos, dizer a ele tudo o que gostaria, ou bater o pezinho na presença da Rainha. É normal, mesmo para uma periquita real. Ela quer se passar por moderna, não será servil. Espera-se, ao menos, que seja gentil, eles precisam de um herdeiro, e, a bem da verdade, são (bem) pagos para isso, já é o bastante, mesmo nos dias de hoje!

Assim fez a mãe do príncipe, mais bonita que ela (eu acho), cujo nome ainda causa arrepios aos demais membros da Casa de Windsor, mas cujo destino não foi dos mais felizes. Lembro-me de ter assistido ao casamento dela com Charles, em 1981, e acompanhamos, todos nós, o dramalhão mexicano em que se transformou o conto de fadas prometido. Os precedentes são terríveis! Ninguém obedeceu ninguém, não sei se deveria, mas foi chifre para todos os lados, o que provam os chapéus de Camila ainda hoje, lembrando a todos que ela era a amante oficial. Bobos somos nós, ela estará na catedral, perto da Rainha, com aquela carranca que Botox nenhum jamais corrigirá. Não, não acreditem nos boatos, eu também não fui convidado, verei pela televisão, como todos. Lógico que comentarei tão logo termine a transmissão, afinal, o velho Cavalcanti não jurou nada a eles, senão dizer a verdade a vocês amanhã. Abraço fraterno a todos.


Comentários

2 respostas para “Desobediência real é a regra”

  1. Que bom que o Cavalcanti prometeu contar tudo porque eu, com preguiça, não pretendo me levantar da cama para isso. Fico feliz com o resumo da ópera e um ou outro detalhe que valha a pena comentar. Tudo isso é muito medieval para mim… bjks!

    1. Querida, com príncipes para todos os lados, vou eu perder?! Já viu o da Suécia? De arrasar. Te falo mais depois, abraços do Cavalcanti

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