Meus caros, acho que poucas pessoas no mundo gostam menos de tênis do que eu. Há muito desisti de entender aquele complicadíssimo sistema de contagem de pontos, e não tenho paciência alguma para ficar várias horas assistindo a um jogo. Lógico que eu sei o nome de alguns jogadores, homens como Pete Sampras, Roger Federer, Rafael Nadal, o nosso ex-jogador Luiz Matar, afinal não sou um alienado total. Lembro de ter ido assistir ao inesquecível Bjorn Borg, que jogou no Ginásio do Ibirapuera no início dos anos 1980. Fui arrastado por meus primos, é verdade, para quem ele era um Deus. Guga, eu sempre achei o máximo e assisti a duas vitórias dele, mas era aquele efeito nacionalista de final de campeonato, que nos leva a cantar o Hino e chorar na entrega do troféu. Nem me perguntem quando foi, já esqueci.
Como estava de cama, com as costas machucadas, minha irmã me emprestou a biografia do tenista norte-americano Andre Agassi, dizendo: “É ótima”. Quis ser gentil, aceitei, mas imaginei que jamais passaria da primeira página, pois, se detesto assistir aos jogos, ler sobre eles me parecia um suplício inútil. Não me ocorreu que minha irmã também não gosta do jogo, não acredito que jamais tenha assistido a uma partida.
O livro é bárbaro, e não é novidade, já está nas livrarias há várias semanas, eu é que passei ao largo, não me interessei em ler as críticas, que o botam nas nuvens. Li o livro inteiro em dois dias. Agora sou fã de Agassi, tardiamente, pois ele já se aposentou. Não vou me tornar fã do esporte só pelo livro, mas recomendo a todos que o leiam, pois é magistralmente bem escrito. Detalhes como o muito tempo de sua vida em que usou peruca, e a hilária cena em que corta o cabelo do filho, acrescentam um saber delicioso à narrativa.
O personagem não é tão inédito assim: menino talentoso, esmagado por um pai psicopata, que quer ser ver (e se fazer) à custa do sucesso do filho, e o tortura com infinitos treinamentos, é cruel ao extremo, mas vai sumindo, na medida em que o filho cresce e se torna um dos maiores tenistas da história. A narrativa é tão bem-feita, que bota você dentro da quadra, e realmente faz teu coração bater mais rápido a cada ponto, tira tua respiração com o inacreditável jogo de nervos que se estabelece entre os jogadores, o olho no olho, os segundos em que uma batalha de milhões de dólares é ganha ou perdida. Não larguei o livro até acabar. Em um exemplo bárbaro, Agassi, hoje casado com a Stephany Graff, também uma das maiores tenistas de toda a história, iniciou uma obra social maravilhosamente pensada, construída, e que hoje, já funcionando, é um exemplo no mundo todo. Gostem vocês de tênis ou não, leiam o livro – recomendo enfaticamente! Abraços do Lourenço
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