“Amor e ódio falseiam por completo o nosso juízo: em nossos inimigos vemos apenas defeitos, em nossos entes queridos, puros méritos e mesmo os defeitos destes parecem-nos dignos de apreciação. Um poder oculto semelhante
a esse é exercido por nosso preconceito (…)”
O primeiro tomo deste livro, tido como o mais importante de Shopenhauer, surgiu em 1818. O tomo II traz as mesmas ideias, mas é obra bem distinta, pois escrita a partir de nova perspectiva, mais amadurecida, 26 anos depois.
Com seu estilo saboroso e irônico, o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) influenciou decisivamente alguns dos grandes escritores e pensadores dos séculos 19 e 20, como Nietzsche, Tolstói, Machado de Assis, Freud, Einstein, Jung, Thomas Mann e Becket.
O Mundo como Verdade e como Representação – Tomo II
Artur Shopenhauer
Tradução de Jair Barboza
Editora Unesp, 808 páginas
“Houve muitos homens, não vou negar, eram como moscas no mel. Tentei amá-los. Uma dificuldade danada. Eu tinha um arpão na janela. Acompanhava um por um com a mira enquanto andavam pela rua com sua dignidade ridícula. Nunca atirei mas poderia ter feito isso (…)”
Barthelme (1931-1989) é um dos reis do chamado pós-modernismo literário
(os outros seriam John Barth e Thomas Pynchon). Ele é principalmente conhecido pelos contos, a maioria deles publicada na revista The New Yorker.
O pai do título não se conforma com sua condição de morto. Indiferente às suas imprecações, um cortejo desvairado o arrasta para ser enterrado. Neste romance único, de humor inusitado, os registros literários passam, sem freio, de fábulas sexuais a reflexões metafísicas.
O Pai Morto
Donald Barthelme
Tradução de Daniel Pellizzari
Rocco, 240 páginas
“Todos os homens, vítimas uns dos outros, vivem longe da natureza, no erro, na ilusão. Não que os estoicos os julguem maus: sua doutrina é mais uma medicina que uma moral; constatam, porém, que os homens são literalmente doentes mentais (…)”
A Dialética Invertida e Outros Ensaios, publicado em 2014, deu início à publicação da obra ensaística da historiadora, que agora segue com esta reunião de textos sobre o País, tratando da independência à crise mundial. Ao final, dois depoimentos da autora.
Nascido em Córdoba, Sêneca (1 d.C.- 65 d.C.) foi não apenas o maior filósofo de seu tempo como também um importante homem de negócios, senador de Roma e preceptor de Nero. Este livro conta sua história e analisa seus escritos à luz da sensibilidade contemporânea.
Sêneca e o Estoicismo
Paul Veyne
Tradução de André Telles
Três Estrelas, 280 páginas
“Os heróis míticos que povoaram a imaginação do homem primitivo, os santos, os cavaleiros medievais, os reis e os nobres, personagens das baladas e crônicas medievais ou do ‘Antigo Regime’ foram substituídos, nos tempos modernos, pelos heróis nacionais.”
Arqueólogo e historiador, Veyne (França, 1930) é um dos grandes especialistas na antiguidade greco-romana. Tem vários livros lançados no Brasil, dentre eles O Pão e o Circo, Sexo e Poder em Roma e Foucault, seu Pensamento, sua Pessoa.
A paulistana Emília Viotti da Costa era professora livre-docente da USP quando foi aposentada pelo AI-5, em 1969. Autora de vários livros importantes, como
Da Colônia à Senzala, lecionou em universidades dos EUA, como as de Tulane, Illinois e Yale.
Brasil – História, Textos e Contextos
Emília Viotti da Costa
Unesp, 352 páginas
“É preciso prestar muito mais atenção em todo o resto quando não se entende as palavras. E, quando alcançamos a compreensão, muita coisa cai por terra. Você então confia em suas palavras, e a palavra nem sempre é a coisa mais confiável do mundo.”
Um triângulo amoroso envolvendo três antropólogos em trabalho de campo na Nova Guiné, nos anos 1930, é o eixo deste romance tido como o melhor de 2015 por publicações como Time e Washington Post. A história é livremente baseada na vida de Margaret Mead.
Formada em Escrita Criativa e Literatura Inglesa, a autora fez extensa pesquisa sobre Mead, Reo Fortune, seu então marido, e Gregory Bateson, além de estudar a antropologia da época. As tribos mencionadas e seus costumes cruzam elementos fictícios e reais.
Euforia
Lily King
Tradução de Adriana Lisboa
Globo Livros, 248 páginas
“Em 1962, Nelson Gonçalves estava entre o caos e o abismo. Sua vida passara a ser regulada por maconha, cocaína (tinha em casa, para uso pessoal, nunca menos de cem gramas) e remédios (…) Os traficantes o visitavam em oito ou nove de uma vez.”
Rigoroso na pesquisa, sem esquecer a graça jamais, o autor, conhecido por Chega de Saudade, sobre a Bossa Nova, montou uma “cançãografia” com os sambas-canção citados no livro e outros, além de completa discografia e filmografia. A edição traz ainda várias imagens de época.
Com a proibição dos cassinos em 1946, surgiram as boates de Copacabana e, por tabela, o samba-canção. Castro conta a história dessa nova música, dos cantores e instrumentistas que a criaram, e também dos glamourosos ambientes em que ela floresceu, até a década de 1960.
A Noite do Meu Bem
Ruy Castro
Companhia das Letras, 512 páginas
“A água brilhava estranhamente sob o sol intenso. Seria capaz de ofuscar quem olhasse fixamente para ela. Ao perguntar a um encarregado do navio, fui informado ser ali o local de meu desembarque (…) Alguém devia estar zombando de mim.”
Ao lado de Ogai Mori (1862-1922), Soseki foi um renovador da literatura japonesa. Já com Eu Sou um Gato, de 1905, o ex-professor de Inglês conquistou público e crítica. Botchan foi escrito um ano depois e traz o mesmo espírito satírico do romance anterior.
Um jovem professor de Matemática sai de sua cidade, a cosmopolita Tóquio, para lecionar numa localidade inóspita, na ilha de Shikoku. Rígido e com pouco traquejo social, sente a força do choque cultural ao tornar-se alvo de chacota de seus alunos.
Botchan
Natsume Soseki
Tradução de Jefferson José Teixeira
Estação Liberdade, 184 páginas
“Na Índia, quando um boneco fica muito velho e deixa de ser usado, um pequeno ritual é feito ao pôr do sol e ele é imerso em um rio e carregado em procissão. Mas Arthur não era um boneco velho, e sabia nadar muito bem. Morreu a quatro quarteirões de seu apartamento.”
O catarinense Schroeder, nascido em 1975, é escritor, roteirista, crítico literário e editor. Seu livro de contos As Certezas e as Palavras recebeu o Prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional, e seu romance As Fantasias Eletivas será adaptado para o cinema.
Arthur, um gênio do teatro de bonecos, morre afogado numa enchente no centro de Blumenau. O narrador, um certo Schroeder, também escritor, tenta reconstituir a história do titereiro ao mesmo tempo que tem de lidar com a noiva, a intempestiva Melissa.
História da Chuva
Carlos Henrique Schroeder
Record, 160 páginas
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