As ruas retratadas pelo coletivo Selva são coloridas, imprevisíveis e hostis em alguns momentos. “O trabalho está conectado pelo universo de selvageria, com seus personagens e ícones, com um outro jeito de se relacionar com os encontros nas esquinas, com muita cor, carnaval, protestos, dia a dia e muito mais”, diz o fotógrafo Gabriel Cabral sobre os elementos presentes na produção do grupo que pode ser vista na exposição aberta no Museu da Imagem e do Som (MIS), na zona oeste da capital paulista.
A maior parte das cenas foi captada sob luzes artificiais, como os letreiros avermelhados de uma casa noturna, o tom amarelado da iluminação pública ou dentro de um vagão no subterrâneo do metrô. São artistas de rua, transeuntes, namorados, vendedores, prostitutas, manifestantes e até desavisados pegos em meio a violência resultante da ação policial contra os protestos. Misturam-se fatos dignos de registro jornalístico com momentos cotidianos. “O universo é esse que você vê quando tá aberto e a fim de ver, mas que nem sempre queremos ver”, afirma Cabral.
As fotografias são um recorte do conjunto colecionado pelo coletivo desde 2012. Ao todo, são 15 integrantes. Na exposição, poderão ser vistas imagens feitas por Beto Eiras, Leo Eloy, Gabriel Cabral, Drago, Luiz Egídio, Hudson Rodrigues, Paulo Marinuzzi e Rafael Mattar. “O Selva surgiu de um encontro de amigos que queriam se encontrar na rua, em casa, bater um papo, às vezes clicar e falar disso”, diz Cabral sobre a formação do grupo.
“A exposição é um recorte de um espectro bem mais amplo que o coletivo produz e que a gente vem editando de diferentes tamanhos e modos de exibir há algum tempo, a exposição foi mais uma maneira de tentar montar o que é esse universo da Selvageria das selvas. É um recorte intrínseco no que grande parte do coletivo clica no seu fluxo individual e em grupo”, acrescenta o fotógrafo. Com mais de 21 mil seguidores do Facebook, o coletivo se tornou conhecido na capital paulista divulgando o trabalho nas redes sociais.
A curadoria foi, segundo Cabral, negociada com a equipe do museu. “A proposta foi colocada para o MIS e eles aceitaram como a gente gostaria de fazer. E eles apresentaram alguns pontos de vista sobre a seleção de algumas imagens”, disse. A mostra é, na opinião do fotógrafo, um primeiro exercício de apresentar uma narrativa com estrutura para o público. Outras devem surgir em breve. “É nossa primeira história, outras tão sempre aí pipocando, cada vez que existe mais conversa entre as produções individuais”.
A exposição é gratuita e pode ser vista até o dia 24 de abril.
Com Daniel Melo
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