“Fui matador de aluguel em Hollywood”, diz Heitor Dhalia

Heitor Dhalia entrou no time dos cineastas brasileiros que estão tentando (ou tentaram) carreira em Hollywood. Hector Babenco, Fernando Meirelles e José Padilha, só para citar os mais reluzentes, já tiveram de esgrimir egos de produtores e atores do quilate de Meryl Streep, Jack Nicholson, Rachel Weisz e Ralph Fiennes, só para citar dois pares. Dhalia, 42 anos, lidou com uma estrela ascendente, Amanda Seyfried, uma equipe 100% americana, um orçamento que ele não tem a mínima ideia de quanto foi no total e um frio polar em Portland, cidade das mais setentrionais dos Estados Unidos.

Dhalia, porém, adorou a experiência, pelo menos garantiu isso em entrevista concedida na tarde desta terça-feira, duas semanas antes de 12 Horas estrear no Brasil – veja crítica na edição de abril da Brasileiros. “Meu filme fala sobre um serial killer, que mata por prazer. Digamos que eu tenha ido para Hollywood como se fosse matador de aluguel, fui pago para matar. E matei”, disse. Matar, para ele, significa abdicar de muito do que aprendeu e exercitou no Brasil – como roteirizar, ensaiar a mise-en-scène com os atores, opinar – em troca de uma tarefa. Ele queria entender o processo, e isso teve seu preço. Filmes por lá, de uma maneira geral, são mais dos produtores que dos diretores.

[nggallery id=15867 template=sample2]

O diretor afirmou que os estúdios americanos já sinalizavam para ele desde seu primeiro filme, Nina. Depois de sondagens, dezenas de roteiros e intensivo de inglês – seis vezes por semana -, Dhalia conseguiu agente americano e as coisas andaram. “De tanto ir para Los Angeles, hoje dirijo pela cidade sem GPS”, brincou. “LA é um grande cassino, uma bolsa de valores, onde tudo é análise de risco financeiro. E sabe por que eles têm contratado mão de obra estrangeira? Cruelmente falando, somos mais baratos e não dominamos a língua”.

Hollywood, segundo ele, tem dois tipos de profissionais: os apaixonados por cinema e literatura, e os business men. “Cada negociação é distinta. Há as mais suaves e as mais duras. Tudo é feito com advogados, managers e agentes. É um maneira de protegermos o talento do negócio, suavizar conflitos”. Dhalia concorreu com 16 diretores americanas para esta produção. “Não sei porque fui o escolhido”, garante. O diretor ficou um ano indo e vindo do Oregon, onde fica Portland, e nas horas de crise cumpria um ritual: ouvia Luiz Gonzaga, que era de sua terra natal, Pernambuco. “Estou feliz por uma razão principal: queria ter realizado esse sonho, essa ambição. Foi um aprendizado difícil, mas também enriquecedor. A gente só cresce quando aceita o desafio, por mais difícil que possa ser”.

 


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.