É provável que os garotos não tivessem a menor ideia dos valores que simbolizavam ao posar com o uniforme integralista, o braço direito levantado e a palma da mão à mostra, em março de 1940. Seus pais sabiam. E dedicaram a foto tirada na cidade mineira de Poços de Caldas ao chefe inconteste do integralismo, Plínio Salgado, “como prova robusta de respeito, affecto e carinho”.
Inspirado no fascismo italiano e lançado em 1932, o integralismo se espalhou rapidamente pelo Brasil. Figuras de peso, como os juristas Miguel Reale e Goffredo da Silva Teles, logo aderiram ao movimento. O instigante é que o retrato dos “plinianos”, como eram chamados os meninos de famílias integralistas, foi feito quando o movimento se encontrava na ilegalidade e seu líder autoexilado em Portugal.
Pelo menos em público, ninguém mais fazia a saudação integralista Anauê! (Você é meu irmão!), que vinha do tupi. O movimento estava proibido desde 1937, quando o presidente Getulio Vargas decretou o Estado Novo. Plínio soube com antecedência que o período autoritário estava em gestação, articulou para ser um dos sustentáculos do novo regime, mas Getulio não admitia sombras. Extinguiu todas as organizações políticas.
A imagem dos “plinianos”, o flagrante de um encontro integralista postado abaixo e outras 6.760 fotos do acervo do líder integralista se encontram no Arquivo Público e Histórico da cidade paulista de Rio Claro. Foram doados à instituição em 1985, pela viúva de Plínio, Carmela Patti Salgado.
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