Vacina já foi sinônimo de revolta. Em novembro de 1904, o Rio de Janeiro virou um campo de batalha depois que o jornal A Notícia divulgou que a vacinação contra a varíola se tornaria obrigatória. A lei tinha sido aprovada na surdina, por iniciativa do sanitarista Oswaldo Cruz, encarregado de combater as epidemias que assolavam a então capital do Brasil.
Pela lei, sem atestado de vacina, o cidadão não poderia trabalhar, estudar, viajar e nem mesmo se casar. A ideia de ter uma substância inoculada no corpo revoltou os moradores. Muitos discordavam da obrigatoriedade, alguns duvidavam da eficácia do método e havia ainda aqueles que achavam imoral as mulheres desnudarem o braço para serem vacinadas.
Um protesto contra a vacinação obrigatória, começado por estudantes, logo transformou o Rio em campo de batalha. Até cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha aderiram ao movimento. Bondes foram tombados, trilhos arrancados e barricadas levantadas. Como a polícia não deu conta de sufocar os protestos, o Exército e a Marinha também foram acionados.
A revolta derrubou a obrigatoriedade da vacinação e fez a festa dos chargistas, mas teve resultados trágicos. Durante oito dias, os confrontos somaram 30 mortos, 110 feridos e 945 presos. Quase a metade dos presos acabou deportada para o Acre. Quatro anos depois, quando uma violenta epidemia de varíola atingiu a cidade, a resistência à vacina não se repetiu.
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