A votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados alcançou uma grande repercussão na mídia internacional.
Para o jornal Página 12, o Brasil viveu um golpe institucional comandado pelo político mais denunciado por corrupção, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Na reportagem, o jornal diz que a decisão de julgar Dilma ficou nas mãos de um parlamentar que é “réu no Supremo Tribunal Federal”. Disse ainda que, até o processo terminar, o governo ficará imobilizado e que o vice-presidente, Michel Temer, “sem legitimidade alguma”, terá de enfrentar uma “oposição duríssima dos movimentos sociais, dos principais grupos sindicais e de todos os que não se resignam ao golpe institucional”.
Ainda na Argentina, o La Nación disse que “Dilma Rousseff ficou à beira do julgamento político”. Segundo o jornal, a crise no Brasil está longe de acabar enquanto o Congresso festeja com euforia o trauma político que divide o país e destacou que Michel Temer também é suspeito de corrupção.
O jornal Clarín disse que o processo de impeachment ainda pode durar seis meses e que a votação na Câmara dos Deputados foi marcada pela “divisão e pelo clima crispado dentro e fora do Parlamento”. A imprensa argentina considera provável a destituição da presidenta e diz que o futuro do Brasil é incerto.
O norte-americano The New York Times ressaltou que, se Michel Temer vier a ocupar a Presidência, terá de lidar com uma série de desafios políticos e econômicos: “Ele também enfrenta um possível impeachment pelas mesmas acusações feitas contra Rousseff, assim como acusações de que se envolveu num esquema ilegal de venda de etanol”. O diário mencionou ainda que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, usou contas em bancos suíços para esconder “milhões de dólares em propina”.
O jornal britânico The Guardian destacou as acusações de corrupção contra os parlamentares em sua versão online: “A presidente Dilma Rousseff sofreu uma grande derrota neste domingo em um Congresso hostil e contaminado pela corrupção”, escreveu.
O espanhol El País publicou com o título “Deus derruba a presidente do Brasil”. O diário citou os vários deputados que justificaram o voto pelo impeachment com argumentos religiosos e observou que a maioria se esqueceu “dos verdadeiros motivos que estavam em discussão”.
O francês Le Monde ressaltou que Dilma, mesmo tendo tido o apoio de 54 milhões de eleitores, agora tem poucas chances de terminar seu segundo mandato. O jornal ironizou os “10 segundos de celebridades dos deputados brasileiros” e disse que “por vezes, usando uma postura teatral, alguns usaram a plataforma para enviar mensagens pessoais e com pouca relevância sobre as manobras fiscais formalmente imputadas à sra. Rousseff”.
Na Itália, o Corriere della Sera destacou a grande vantagem conquistada pela oposição: “Todos os partidos aliados abandonaram Dilma menos o seu PT e alguns aliados tradicionais”. O La Repubblica destacou a derrota da mandatária e diz que agora o Senado definirá se afasta ou não a presidenta.
A imprensa chilena também destacou a divisão do País. “Luz verde ao julgamento político contra Dilma e o Brasil se parte em dois”, anunciou o jornal La Tercera. Segundo o El Mercurio, ao votarem a favor do impeachment, os deputados brasileiros praticamente decretaram o fim da “experiência mais emblemática do ciclo de governos de esquerda da América Latina”.
Os jornais ABC Color, do Paraguai, e El País, do Uruguai, noticiaram na primeira página a derrota de Dilma na Câmara dos Deputados.
* Com Agência Brasil
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