Em entrevista ao SBT Brasil na noite de quinta-feira (28), o vice-presidente Michel Temer declarou que não será candidato à sucessão presidencial em 2018 e que apoiará o fim da reeleição no Brasil: “Isso me dá maior liberdade até para a ação governamental se eu vier a ocupar o governo”. A promessa tem o objetivo de atrair o PSDB para seu eventual governo, caso o Senado aprove o afastamento da presidenta Dilma Rousseff.
Se a reeleição for mantida, é grande a chance de que o ocupante do cargo se candidate novamente. E, pela experiência brasileira, todos os que fizeram isso (FHC, Lula, Dilma) tiveram êxito. Os líderes do PSDB não querem apoiar Temer para depois vê-lo reeleito em 2018: querem assegurar que o peemedebista fará apenas um governo-tampão.
O PSDB tem hoje três candidatos declarados à Presidência: o senador Aécio Neves, derrotado na eleição de 2014; o governador Geraldo Alckmin, derrotado na eleição de 2006; e o senador José Serra, derrotado nas eleições de 2002 e 2010. A proposta de acabar com a reeleição em geral é defendida por um presidenciável para obter o apoio de seus adversários no partido: ela é uma promessa de que os outros logo terão uma chance de disputar a Presidência. Foi assim com Alckmin em 2006, com Serra em 2010 e com Aécio em 2014.
Mas a reeleição não reduz apenas o número de candidatos potenciais ao Planalto: ela também tem um impacto enorme sobre as disputas estaduais e municipais. Segundo dados do Senado, desde 1998, 64% dos governadores que se candidataram à reeleição tiveram sucesso; no caso dos prefeitos de capitais, essa taxa sobe para 84%.
Daí o apoio generalizado ao fim da reeleição. Uma proposta de emenda constitucional nesse sentido foi aprovada na Câmara dos Deputados em maio de 2015 com 452 votos a favor, 19 contra e 1 abstenção A proposta passou pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado no último dia 13 de abril. Agora segue para o plenário.
Na entrevista, Temer negou que irá reduzir programas sociais, como o Bolsa Família: “Fala-se que eu vou retirar os direitos sociais, tipo Bolsa Família, Pronatec. Não vou mexer em nada disso. Pelo contrário”. Na entrevista, ele prometeu medidas para criar empregos: “Você sabe que há mais de 10 milhões e trezentos mil desempregos. Isso está afligindo muito a família brasileira. De modo que todo e qualquer plano econômica, seja meu ou de quem estiver no poder, deve buscar a abertura de vagas para emprego. Essa é a primeira providência que deve ser tomada”.
Os conselheiros de Temer na área econômico, contudo, têm defendido a fixação de um teto para as despesas públicas e uma espécie de pente-fino nos programas sociais, como declarou o economista Ricardo Paes de Barros ao jornal O Estado de S. Paulo: “O Bolsa Família está inchado”.
Em seu programa “Uma Ponte para o Futuro”, o PMDB defendeu a necessidade de fixação de uma idade mínima para aposentadoria e a flexibilização dos direitos trabalhistas, duas propostas impopulares e de difícil aprovação em um ano eleitoral.
Na entrevista ao SBT, Temer negou as acusações feitas pela presidenta Dilma Rousseff de que ele é um “conspirador” e “golpista”: “Eu não tenho nenhum desapreço pela senhora presidente, por mais que ela possa fazer uma ou outra acusação, a meu ver, injustificadas”.
Temer não deixou muita clara a sua posição sobre os protestos contra o impeachment. Ele declarou que um movimento de rua “é um direito democrático desde que não seja predador” e desde “não seja embaraçador da atividade, do livre trânsito de pessoas”.
Sobre a Operação Lava Jato, Temer afirmou que “não haverá interferência, de forma alguma”.
Deixe um comentário