Após vencer mais uma primária, desta vez na Ilha de Guam, a pré-candidata democrata Hillary Clinton tem agora o apoio de 2.229 delegados, contra 1.453 do senador Bernie Sanders. Hillary já reúne 94% dos votos necessários para ser indicada a candidata do partido, que deve enfrentar o republicano Donald Trump na eleição presidencial em novembro. Uma pesquisa da CNN divulgada na semana passada indicou que, se o pleito fosse hoje, a democrata venceria com 54% dos votos, contra 41% do republicano.
Os resultados das pesquisas sempre flutuam ao longo do ano, mas as possibilidades de vitória do Partido Democrata são bem consistentes. Em um país cuja população se divide entre os dois grandes partidos, a eleição acaba sendo decidida pelos eleitores de centro, que ora se inclinam para um lado, ora para o outro. Assim, quando um dos partidos escolhe um candidato mais radical, como fez o Partido Republicano nos dias de hoje, ele tende a perder a eleição.
Foi isso o que aconteceu em 1966, quando o democrata Lyndon Johnson venceu facilmente o republicano radical Barry Goldwater. E voltou a se repetir em 1972, quando o republicano Richard Nixon derrotou o democrata radical George McGovern. Na campanha deste ano esse fenômeno ficou obscurecido pela radicalização do eleitorado.
Um estudo realizado pelo Centro Pew revela que os grupos mais radicais cresceram muito nas últimas duas décadas. Em 1994, o eleitorado mais à esquerda somava apenas 3%, enquanto a direita reunia 7%. A grande maioria do eleitorado se encaixava no centro (49%), centro-direita (23%) e centro-esquerda (18%). Na pesquisa realizada em 2015, o centro despencou para 38%, o que motivou uma polarização: os eleitores de esquerda e centro-esquerda agora somam 35%, enquanto os de direita e centro-direita reúnem 27%.
É essa polarização que explica a ascensão de políticos mais radicais, como Donald Trump, à direita, e Bernie Sanders, à esquerda. O problema é que essa radicalização engordou os extremos dos dois polos. Mas, no final, a eleição terá de ser decidida mesmo pelos eleitores de centro, já que nenhum extremo alcança a maioria absoluta.
Daí a vantagem dos democratas. A ala mais radical não conseguiu emplacar seu nome preferido porque a maioria do partido hoje prefere vencer a eleição do que implementar um grande programa de mudanças. Isso seria um feito inédito, já que desde Franklin Roosevelt os democratas não conseguem vencer mais de duas eleições consecutivas.
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