“Sem reformas, Brasil não volta a crescer”, já defendia Ilan Goldfajn em seminário da Brasileiros

Ilan Goldfajn, na esquerda da foto em participação do seminário Rumos da Economia - Foto: Luiza Segulem/Brasileiros
Da esquerda para a direita: Ilan Goldfajn, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Pedro Rossi, Octavio de Barros e Fernando Haddad, durante o seminário Rumos da Economia do ano passado – Foto Luiza Sigulem/Brasileiros

Indicado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para a presidência do Banco Central, o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn já defendia “reformas profundas” na economia quando participou da edição de 2015 dos Rumos da Economia, seminário anual organizado pela Revista Brasileiros.

Economista ortodoxo, elogiado pelo mercado financeiro e empresarial, Goldfajn participou do encontro lembrando que “é preciso entender que, desde 2008, o mundo mudou”. Para os países latino-americanos, dizia ele, o ciclo de expansão terminou em 2010, com o fim do boom das commodities.

O segundo ciclo, internacional, de juros muito baixos e dinheiro barato, estava terminando também. A América Latina desacelerou, mas, no Brasil, o movimento foi mais forte, segundo ele. “Parte tem a ver com políticas internas e com a necessidade de ajustes a serem feitos: fiscal, quase fiscal, tarifas públicas, balanço de pagamentos e o ajuste de juros por parte do BC, para a inflação voltar a atingir o centro da meta, de 4,5% ao ano.”

O economista afirmava que, “sem dúvida alguma”, àquela altura, a economia estava em recessão. Ele lembrou que o ciclo de commodities havia terminado, com os preços voltando a cair, como ocorreu na Primeira Guerra Mundial, na Segunda, na crise do petróleo e durante o forte crescimento da China.

Ou seja, havia uma questão global do crescimento baixo. Mas isso não significava que políticas internas não deveriam ser tomadas. Para Goldfajn, se não houvessem reformas profundas, dificilmente o País voltaria  a crescer 4,5% ao ano, como chegou a acontecer no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também entre os convidados, o ex-ministro da Administração e Reforma do Estado de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Bresser-Pereira disse que concordava com 95% dos argumentos de Goldfajn, apesar de serem de campos opostos na economia.

Os 5% de discórdia: “Estamos fazendo um estranho ajuste, por que foi feito na recessão”. Segundo ele, a política fiscal foi equivocada em 2013/2014. Mas, com o fim do boom das commodities e a crise da Petrobras, sobrava desconfiança. Para Bresser-Pereira, seria preciso fazer o ajuste fiscal para também pagar “os custos absurdos da taxa de juros”.

Rumos da Economia

O seminário organizado pela Revista Brasileiros acontece todos os anos desde 2011. Seu objetivo é tratar a questão econômica em toda a sua amplitude e fazer um debate profundo sobre as alternativas para o desenvolvimento nacional, as condições que o País encontra no contexto internacional e a expectativa de tornar o Brasil a quinta maior economia mundial.

Confira os palestrantes que participaram de todos os seminários:

2016: Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular; Marcos Lisboa, presidente do Insper; Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas; Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia; Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal; Guilherme Santos Mello, professor do Instituto de Economia da Unicamp; Herlon Faria, diretor da Wipro, empresa de tecnologia especializada em big data.

2015: Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco; Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas; Luiz Gonzaga Belluzzo, diretor e professor da Facamp; Octavio de Barros, economista-chefe e diretor estatutário do Banco Bradesco; Fernando Haddad, prefeito de São Paulo.

2014: Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda; Luiz Gonzaga Beçlluzzo, diretor e professor da Facamp – Faculdades de Campinas; Caio Megale, economista do Itaú BBA; Ernesto Lozardo, consultor do BNDES e professor de economia da EAESP-FGV; Joesley Batista, presidente da J&F Investimentos; Márcio Holland, então secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda; Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco; Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular.

2013: José Augusto Coelho Fernandes, presidente da Fundação Centro de Estudos de Comério Exterior (Funcex); Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores; David Kupfer, professor associado do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Manolo Canosa Miguez, sócio fundador da Comissão da Defesa da indústria Brasileira; Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda; Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas; Luiz Gonzaga Beçlluzzo, diretor e professor da Facamp – Faculdades de Campinas; Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP e ex-presidente do Conselho Regional de Economia; Thomas Benes Felsbert; presidente do Conselho de Administração da Turnaround Management Association do Brasil; Luiz Fernando de Paula, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e presidente da Associação Keynesiana Brasileira.


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