“Fico diante do incomparável café de Zak. (…) Sem perceber, sou envolta por um mal-estar leve porém prolongado. Não uma depressão, algo mais como um fascínio pela melancolia, que giro na mão como se fosse um pequeno planeta, triscado de sombras, de um azul impossível.”
Depois de descrever sua relação com o fotógrafo Robert Mapplethorpe em Só Garotos, a cultuada cantora e compositora volta a registrar sua odisseia pessoal. Dessa vez ela fala de viagens, café, leituras (Genet, Rimbaud, Sylvia Plath) e da dor com a perda do marido, Fred Sonic Smith, guitarrista do MC5.
A chamada “papisa do punk”nasceu em 1946 em Chicago, nos Estados Unidos. Ficou famosa com o disco Horses, de 1975, uma fusão arrebatadora de poesia e rock de garagem. Também desenhista e fotógrafa, Patti lançou livros de poesia como Babel (1978) e Auguries of Innocence (2005).
Linha M
Patti Smith, Tradução de Claudio Carina,
Companhia das Letras, 214 páginas
“Sempre penso no pior. Agora mesmo estou calculando quanto demoraria para sair correndo do carro e chegar até Nina, se ela corresse de repente para a piscina e se atirasse. A isso dou o nome de ‘distância de resgate’, que é como chamo a distância variável que me separa de minha filha”
Amanda e sua filha Nina vão passar férias no interior da Argentina. Lá encontram Carla e o pequeno David. Desde o começo fica evidente que algo está muito errado. A voz de David persegue a consciência de Amanda, cavalos morrem inexplicavelmente e crianças malformadas surgem em toda parte.
Nascida em Buenos Aires em 1978, Samanta já foi comparada a Borges, Cortázar e Bioy Casares, e recebeu elogios rasgados de Vargas Llosa. Seu segundo livro, a coletânea de contos Pássaros na Boca, lançado aqui, recebeu o prêmio Casa de Las Américas e foi traduzido para 13 idiomas.
Distância de Resgate
Samanta Schweblin,
Tradução de Ivone Benedetti,
Editora Record, 144 páginas
“Um tiro ressoa pela madrugada escura. Ouve-se um estalo curto, os dedos contraem-se no gatilho e um segundo tiro sai abafado. Alertada, a polícia chega às pressas e prende o atirador no mesmo instante. Seu nome é Louis Armstrong. Com um revólver roubado, o menino queria saudar o Ano-Novo em Nova Orleans.”
Reconstituição mês a mês do ano que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, mostra a efervescência artística e cultural da Europa e também os sinistros desdobramentos políticos, misturando personagens tão fascinantes e díspares quanto Kafka, Duchamp e Stravinski, Hitler, Tito e Stálin.
Illies nasceu em 1971 em Schlitz, na Alemanha. Formou-se em História da Arte e História Contemporânea em Bonn e Oxford. Depois de várias passagens por suplementos culturais e diversas publicações alemãs, fundou a revista de arte Monopol. 1913 ficou mais de seis meses entre os mais vendidos na Alemanha.
1913 – Antes da Tempestade
Florian Illies
Tradução de Silvia Bittencourt
Estação Liberdade, 368 páginas
“Era histérica, deixava-se colocar em estado de sonambulismo com a maior facilidade e, ao percebê-lo, decidi empregar com ela o procedimento breueriano de investigação na hipnose, que eu conhecia das suas comunicações sobre a história de cura de sua primeira paciente.”
Colegas na faculdade de Medicina, Freud e Breuer trabalharam juntos, mas discordavam num ponto fundamental, o que os afastou. Breuer não aceitava inteiramente a teoria freudiana de que a sexualidade estava sempre na origem das memórias reprimidas que levavam aos sintomas de histeria.
Textos fundamentais para o desenvolvimento da psicanálise, descrevem os primeiros casos clínicos de histeria que passaram pela “cura pela fala”: Anna O., Emmy Von N., Lucy R., Katharina e Elisabeth Von R.. Numa segunda parte há as considerações teóricas de Breuer e A Psicoterapia da Histeria, de Freud.
Estudos Sobre a Histeria (1893-1895)
Sigmund Freud e Josef Breuer
Tradução de Laura Barreto
Companhia das Letras, 448 páginas
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