‘I, Daniel Blake’ ganha Palma de Ouro no Festival de Cannes

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Ken Loach, recebeu a Palma de Ouro. Reprodução: Facebook

O filme I, Daniel Blake, do diretor Ken Loach, recebeu a Palma de Ouro na 69ª edição no Festival de Cannes neste domingo (22). O longa superou o brasileiro Aquarius, do cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, que também estava na disputa.

Sônia Braga, que também que era uma das favoritas a levar o premio de melhor atriz perdeu para filipina Jaclyn Jose, pelo longa “Ma’Rosa”. A atriz brasileira arrancou elogios da mídia internacional. O jornal britânico The Telegraph chegou a mencionar que a atriz é uma provável concorrente ao Oscar.  

O filme vencedor da Palma de Ouro conta a história de Daniel Blake, um marceneiro inglês que, aos 59 anos, sofre um ataque do coração no meio do trabalho e quase morre. Perto de conseguir auxílio do governo pela primeira vez em sua vida, Blake se envolve Katie. Mãe solteira de duas crianças, Daisy e Dylan, a mulher topa se abrigar na casa dele para fugir das condições precárias de moradia em que se encontrava.

Aquarius

Após o sucesso de O Som ao Redor, o primeiro longa de Kleber, Aquarius, cuja protagonista é Sônia Braga, era a única produção Latino-Americana dentre os 21 concorrentes internacionais. O filme ganhou aplausos de jornalistas durante a exibição para a imprensa. Àquela altura, já figurava como uma das grandes promessas do festival, citado pela revista Variety como um dos filmes mais aguardados da mostra competitiva.

Aquarius conta a história de Clara (Sônia Braga), uma jornalista e escritora aposentada, de 65 anos, que mora em um pequeno edifício da década de 1940, construído na Avenida Boa Viagem e nomeado Aquarius, daí o nome do filme.

A avenida à beira mar, um dos cartões postais da capital pernambucana, é também um dos metros quadrados mais caros de Recife e objeto de especulação imobiliária. A trama de Aquarius se desenvolve justamente a partir do momento em que Clara passa a ser assediada por representantes de uma incorporadora de construção civil que pretende demolir o pequeno prédio para erguer um arranha-céu para faturar milhões.

Clara é a única moradora que se opõe a ideia. Enquanto trava a batalha com a construtora, ela passa a rememorar situações passadas e a ter projeções do futuro, em uma narrativa que mistura realismo e ficção científica.

A temática progressista do filme foi reafirmado no protesto promovido pela equipe do filme em pleno festival. Eles cruzaram o icônico tapete vermelho exibindo cartazes contra impeachment da presidenta Dilma Rousseff, com mensagens de denúncias e apoio:  “Um golpe ocorreu no Brasil”, “Dilma, vamos resistir com você”, “54 milhões de votos foram queimados” e ainda “O Brasil não é mais uma democracia”.

O filme, que segundo Kleber “é um gesto em defesa do humanismo, contra a exploração do capital”, ganhou ainda mais importância frente ao momento político que se encontra o Brasil, em que artistas do Brasil inteiro se mobilizaram contra o fim do Ministério da Cultura,  medida proposta pelo presidente interino Michel Temer.

A impopularidade de Temer ganha repercussão internacional. A produção e elenco de "Aquarius"  leva ao festival de Cannes o protesto contra o governo interino
A impopularidade de Temer ganha repercussão internacional. A produção e elenco de “Aquarius” leva ao festival de Cannes o protesto contra o governo interino

 


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