A Executiva Nacional do PV (Partido Verde) decidiu, por aclamação, adotar uma posição de independência em relação ao governo interino de Michel Temer em reunião nesta segunda-feira (23).
Segundo o deputado Wancley Carvalho, “este momento exige uma nova postura. Não podemos continuar cometendo os mesmo erros do passado. Por isso, decidimos não fazer parte desse governo”. Sobre a nomeação do deputado federal Sarney Filho para o Ministério do Meio Ambiente, Wancley disse que “essa é uma indicação pessoal do presidente interino, Michel Temer”.
Em discurso no Senado, o senador Álvaro Dias (PV-PR) defendeu que Sarney Filho deixe o governo federal: “A sugestão que se fez hoje de manhã, na reunião do Partido Verde, foi a licença do ministro [Sarney Filho], para que o partido possa se posicionar de uma maneira mais confortável e coerente em relação ao atual governo”.
Segundo Dias, “nesta circunstância, mais importante que ocupar um cargo no governo é exercer a fiscalização. O país necessita nesta hora de fiscais, porque a cultura política brasileira é a do adesismo fácil e é o que se verificou nos últimos dias com muitos correndo desesperadamente para a sombra do poder”.
Além da defecção do PV, o governo enfrenta dificuldades para mobilizar a sua base no Congresso. O Palácio do Planalto acreditava que poderia contar com a maioria dos parlamentares que apoiaram o afastamento da presidenta Dilma Rousseff na Câmara (367 votos) e no Senado (55 votos), o que seria mais do que suficiente para aprovar emendas constitucionais (308 votos na Câmara, 48 no Senado).
Na prática, porém, a base de Temer não tem mostrado tanto empenho no apoio a seu governo. O presidente interino pediu pressa na votação da meta fiscal, mas as reuniões da Comissão Mista de Orçamento tiveram de ser canceladas na segunda e na terça-feira porque os governistas não conseguiram levar o número mínimo de senadores à reunião: faltou um voto.
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), esteve na sala da comissão, mas decidiu sair. A oposição pediu verificação de quórum e derrubou a sessão.
A desmobilização da base tem dificultado a aprovação das propostas de interesse do novo governo. Na segunda, a medida provisória 708/15, que autoriza a União a reincorporar trechos da malha rodoviária federal, demorou mais de cinco horas para ser aprovada em razão da obstrução promovida pelo PT, PC do B e PSOL. E, nas votações dos vetos na Câmara, o governo não tem conseguido atingir o mínimo de 308 deputados necessários para aprovar emendas.
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