Ativistas criticam indicações e apoiadores da nova gestão da Saúde: “são os mais conservadores”

Diversos movimentos em defesa do Sistema Único de Saúde estão descontentes com os conselheiros e as indicações que estão sendo feitas por Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde do governo provisório. Nesta semana, Barros se reuniu com o Movimento Brasil Livre, o Conselho Federal de Medicina, a Ordem dos Médicos do Brasil, e o Vem Pra Rua-Saúde. Todas essas instituições apoiaram o impeachment de Dilma. 

Instituições como o Conselho Nacional de Saúde, a maior deliberação consultiva sobre a saúde no Brasil, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Centro de Estudos Brasileiros da Saúde (Cebes) não foram convidadas para a reunião. Essas instituições diziam que o impeachment seria uma ameaça ao SUS. 

Dentre outras pautas do encontro, estava a obrigatoriedade dos médicos estrangeiros fazerem o Revalida, exame que reconhece no País a formação do médico no Exterior. Segundo Heider Aurélio Pinto, coordenador do programa Mais Médicos na gestão petista, a medida acaba com o Mais Médicos na prática. O programa ocorre em regime especial e dispensa a revalidação do diploma. O coordenador concedeu entrevista à Conceição Lemes, do site Viomundo. A jornalista teve acesso a imagens com a pauta da reunião. 

O ministro interino da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR). Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
O ministro interino da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR). Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Na reunião, Barros também discutiu a parceira público-privada na Saúde, o reajuste da tabela SUS e a “reavaliação da capacidade da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] de intervenção nos planos de saúde”. Essas agendas, segundo ativistas, vão de encontro às declarações do ministro de enxugar o SUS e rever sua universalidade. À Folha de S.Paulo, Barros disse que não iria intervir nos planos de saúde e que seria preciso rever o tamanho do SUS.

O movimento “Um grito em Defesa do SUS” repudiou a participação das organizações e disse que o ministro se une aos setores “mais conservadores da medicina” em prol “de interesses corporativos e privados que defendem a saúde, não como direito e sim como mercadoria”. Barros recebeu R$ 100 mil de doação de sócio do Grupo Aliança, administradora de planos de saúde.

Mais luta na saúde mental

Após a luta para a destituição de Valencius Wurch (ex-coordenador de saúde mental indicado por Marcelo Castro, ministro da gestão petista), movimentos da luta antimanicomial repudiaram mais um nome indicado para a saúde. Os movimentos agora são contra o nome de Miguel Tortorelli, que estará no comando da Coordenação da nova Política de Dependentes de Drogas.

“[O coordenador] representa um grupo de pessoas que se dizem concernidos com a questão do álcool e drogas, mas que apenas veem e tratam o ser humano como objeto de intervenção e manipulação para a realização de anseios próprios”, diz trecho de nota de repúdio. Leia na íntegra.

Tortorelli é presidente da organização Amor-Exigente. Segundo o site da instituição, o grupo atua desde 1984 “como apoio e orientação aos familiares de dependentes químicos e também para [o tratamento] de pessoas com comportamentos inadequados.”


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