Sob pressão dos estudantes, Assembleia cria CPI para investigar merenda

Estudantes secundaristas ocupam a Assembleia Legislativa de SP - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Estudantes secundaristas ocupam a Assembleia Legislativa de São Paulo – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovaram na noite de quarta-feira (25) um projeto de resolução que permite a instalação da CPI da Merenda. Desde abril, os estudantes secundaristas vinham ocupando escolas de São Paulo para exigir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as fraudes.

Em maio eles acamparam na Assembleia por três dias. Pressionados, os deputados assinaram o requerimento de criação da CPI, mas vinham retardando aprovação do projeto de resolução que permitiria sua instalação, o que só ocorreu na última quarta.

O projeto aprovado por deputados da base governista ampliou o foco da apuração para analisar, além dos contratos suspeitos com o governo do Estado, mais de 20 prefeituras. A proposta de CPI feita pelos deputados do PT concentraria as investigações nos contratos da Coaf com a Secretaria da Educação do Estado. Para os oposicionistas, a ampliação do alcance da comissão visa tirar o foco do governo Alckmin e do presidente da Assembleia, Fernando Capez, que é um dos suspeitos de envolvimento no esquema. 

As fraudes na compra da merenda foram reveladas pela Operação Alba Branca, realizada pela Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo, em janeiro de 2016. Segundo a polícia, a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) contratou “lobistas” que atuavam junto ao governo do Estado e a prefeituras, pagando propinas a agentes públicos em troca de favorecimento em contratos. O maior desses contratos é com a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo: de acordo com o Ministério Público, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) pagou R$ 7,7 milhões à cooperativa no último ano.

Pelo menos três acusados de envolvimento no esquema citaram o envolvimento de Fernando Capez e Luiz Roberto dos Santos, ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin, como beneficiários das fraudes. Em uma delação, um dos  lobistas relatou que um ex-assessor de Capez pediu 2% do valor do contrato e R$ 450 mil para a campanha.

Capez negou qualquer relação com o esquema e disse que tomaria providências judiciais e administrativas. Ele prometeu contribuir para apurar as denúncias e punir os “verdadeiros responsáveis”. Os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Gondinho (SD), igualmente citados como beneficiários de esquema, também negaram envolvimento nas fraudes. Eles afirmam que nem sequer conheciam as pessoas que fizeram essas acusações.


Comentários

Uma resposta para “Sob pressão dos estudantes, Assembleia cria CPI para investigar merenda”

  1. Assim que a Polícia Civil descobriu a máfia da merenda o governador Geraldo Alckmin determinou apuração imediata e punição exemplar aos envolvidos, seja quem, ou de que partido for. A Corregedoria do Estado, a Polícia Civil e o MP já avançaram bastante nas investigações. O governador apoia e incentiva todas as investigações do caso. Inclusive a CPI. Agora cabe aos deputados fazerem sua parte para apurar quem são os responsáveis pela máfia da merenda.

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