Os imperdíveis!

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A Casa dos Seis Tostões
Paul Collins
Tradução de Marcello Rollemberg e Ana Maria Fiorini
Ateliê Editorial, 272 páginas

“Nenhuma situação é tão terrível que não possa ser interrompida para o chá. Isso é particularmente importante para os britânicos quando está frio e úmido fora de casa, o que é frequente, ou quando está frio e úmido dentro de casa, o que acontece sempre.”

Editor de uma coleção de livros inusitados que estavam fora de catálogo, Collins é autor de Thirtheen Tales of People Who Didn’t Change the World (13 histórias de pessoas que não mudaram o mundo) e Not Even Wrong: Adventures in Autism, no qual conta sua experiência com o filho autista.

Situada no interior do País de Gales, Hay-on-Wye tem 1.500 habitantes. E 40 livrarias. É lá que acontece, há 28 anos, o festival literário que inspirou a Flip. Neste livro saboroso, o autor conta como se mudou com a família de San Francisco para lá e como se envolveu com o curioso universo local.

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O Pássaro do Bom Senhor
James McBride
Tradução de Roberto Muggiati
Bertrand Brasil, 378 páginas

“O temível exército do Velho John Brown, do qual tanto ouvi falar, nada mais era que uma ralé formada por quinze dos sujeitos mais esqueléticos, beberrões e deploráveis que alguém já viu. (…) Tinha um judeu estrangeiro, um índio e mais alguns imprestáveis. Eram feios de dar dó, coitados.”

Também um elogiado compositor e saxofonista, além de jornalista, McBride é autor de A Cor da Água, livro de memórias em que fala da mãe judia (o pai é negro), e de Milagre em Santa Anna, sobre um grupo de soldados negros na Segunda Guerra, adaptado para o cinema por Spike
Lee.

Romance vencedor do prestigioso National Book Award, conta as aventuras do garoto Henry Shackeford, escravo que se vê forçado a participar do bando de John Brown, lendário abolicionista. Tomado por menina, Henry consegue fugir, mas acaba sendo arrastado para o ataque que culminou na guerra civil dos EUA.

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Arco de Virar Réu
Antonio Cestaro
Tordesilhas, 152 páginas

“E eu dizia a ele que a dobradiça havia cedido
ao peso do tempo e ao inabalável apetite de cupins
de incontáveis gerações. Que o vão da veneziana caída
e entreaberta projetava um facho de luz poeirento no quarto emudecido por tempo de difícil constatação. Que quem por ali passava vislumbrava uma janela velha (…)”

Cestaro nasceu em Maringá, no Paraná, em 1965. É editor, tendo fundado o selo Tordesilhas. Antes deste primeiro romance, publicou dois livros de crônicas: Uma Porta para um Quarto Escuro, vencedor do Jabuti na categoria projeto gráfico, e As Artimanhas do Napoleão e Outras Batalhas Cotidianas.

À medida que envelhece, um historiador passa a apresentar sinais da esquizofrenia do irmão mais novo. Inspirado nos rituais e costumes dos índios tupinambás, dedica-se à ocultação de cadáveres e, em meio a digressões e pesadelos, vai mergulhando na loucura, ao mesmo tempo que tenta se livrar dela.

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Leite em Pó
Marina Filizola
Planeta, 224 páginas

“Sangue e corpos limpos, e o fígado totalmente sobrecarregado pela dose diária de sossega-o-faixo, motivo de muita discórdia, porque eu, toda noite, escondia a pílula debaixo da língua na esperança de enganar o capataz-dos-ansiolíticos e acumular quantidade suficiente que me fizesse dormir uma semana”

Marina é paulistana de 35 anos. De vida atribulada, foi modelo, artista circense, campeã de canoa havaiana e atriz de minissérie global. Também apresentou programas de TV, participou do reality show Hipertensão (Globo) e foi a Internética dos programas H e O Superpositivo (Band).

Entre a crônica e o conto, os textos deste livro se debatem para registrar a vida louca conduzida pelo vício. A escrita é franca e frenética. A autora não poupa a si mesma e não alivia para o leitor. Não importa o que é fato, o que é ficção. A eletricidade está aí, não como exemplo, mas como literatura.


Comentários

Uma resposta para “Os imperdíveis!”

  1. Avatar de F. Ponce de Leon
    F. Ponce de Leon

    Falando em literatura, aproveito para deixar uma sugestão: ‘Poesia contra a guerra’, uma recém-lançada compilação de poesia em língua portuguesa, da era dos trovadores aos primórdios do modernismo — são 100 poemas, de 100 poetas diferentes. Para detalhes sobre o livro (sumário, modo de aquisição etc.), visite o blogue homônimo e localize a postagem de 19/12 ou clique no endereço abaixo:
    ++ http://poesiacontraaguerra.blogspot.com.br/2015/12/poesia-contra-guerra-o-livro_98.html

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