Mais um ministro do governo de Temer, o breve, acaba de ser derrubado pelos grampos-bomba de Sérgio Machado. Embora Temer fosse contra a sua queda e tenha até pedido para ele ficar, o ministro da Transparência, um certo Fabiano Silveira, de quem ninguém tinha ouvido falar, não durou 24 horas depois de aparecer no “Fantástico” como espião de Renan na Lava-Jato e ensinando o caminho das pedras ao presidente do Senado e vice de Temer para sair olimpicamente da grande encrenca em que se meteu ao aceitar doação de 400 mil da Transpetro, presidida por Machado, seu apadrinhado, operação de cujas notas fiscais cuidou o doleiro Alberto Yousseff.
Impedido até mesmo de entrar em seu gabinete pelos funcionários da ex-Controladoria Geral da União agora chamada de Ministério da Transparência (risos, por favor), Fabiano achou mais prudente sair da linha de tiro em que se meteu e voltar ao anonimato, mas não se descarta a hipótese de que Temer continuará se utilizando de seus préstimos, mesmo na clandestinidade, repetindo o que está acontecendo com o primeiro ministro defenestrado, Romero Jucá, que está oficialmente afastado, mas continua na ativa, como informou hoje o senador Lindbergh Farias da tribuna do Senado.
Com essa manobra – ele se licenciou, mas não foi substituído – Jucá repete o script de Eduardo Cunha, que foi afastado de suas funções pelo STF, na teoria, mas na prática continua fazendo a mesma coisa que fazia, só que no escritório de sua residência oficial e não no gabinete na Câmara dos Deputados, tanto é que foi flagrado em visita a Michel Temer e participa ativamente da formação do breve governo, desafiando, desse modo, a decisão unânime dos ministros do Supremo e contaminando a gestão com suas decisões.
Não sei o que os ministros do STF acham disso, eles demoram a reagir e só reagem se são provocados, mas me parece que Cunha os desafia abertamente, pois ao afastá-lo eles não disseram que ele não poderia frequentar a Câmara dos Deputados apenas e sim que não poderia continuar atuando à frente do Poder Legislativo.
Cunha desobedece ao Supremo às escâncaras, abusando do foro privilegiado e da sua imunidade parlamentar e, além de desfrutar da mordomia de 500 mil reais por mês a que tem direito, atua como eminência parda do governo provisório e ainda ameaça processar o deputado Jean Wyllys.
Estou curioso para saber como Renan será recebido no Senado hoje. Eu esperava fortes reações na sessão esvaziada de ontem, mas nenhum dos senadores petistas, Jorge Viana, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias nem a senadora do PCdoB, Vanessa Graziotin mencionaram os grampos veiculados ontem no “Fantástico”, que colocam Renan em maus lençóis, do que se depreende que ou eles não assistiram ao programa nem leram as repercussões ou sinalizaram que vão preservar Renan, o que será lamentável.
Os senadores fieis a Dilma vão cair em grave contradição e perder seu discurso se não exigirem a cassação e a renúncia de Renan. As imputações que são atribuídas a ele nos grampos de Machado são muito mais graves dos que as que causaram as quedas de Jucá e de Silveira, principalmente em razão do alto cargo que ocupa. Se Cunha não podia ser tolerado como vice de Temer, Renan também não pode. Que venha Ricardo Lewandowski, o próximo da linha sucessória e, também da linha de tiro.
Como Ivan Lins previu, em 1978, na canção “Cartomante” cai o rei de espadas/ cai o rei de ouros/ cai o rei de paus/ cai, não fica nada/.
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