Grupo de mulheres faz paródia de funk com mensagens feministas no Rio

Pelo menos 5 mil pessoas se reuniram no Rio contra a cultura do estupro. Foto: EBC
Pelo menos 5 mil pessoas se reuniram no Rio contra a cultura do estupro. Foto: EBC

Um ato contra a cultura do estupro reuniu pelo menos 5 mil pessoas no início da noite desta última quarta-feira (1) no centro do Rio de Janeiro. Na concentração, ocorreram diversas intervenções. Uma delas foi uma performance músico-teatral do coletivo artístico Mulheres de Buço, que fizeram paródias de funk, com mensagens feministas desconstruindo posturas machistas. Nas imagens da jovem de 16 anos violentada no Morro da Barrão, no complexo de Favelas São José Operário (zona oeste), é possível ouvir vozes de homens mencionando “mais de 30 engravidou”. Refere-se a um funk chamado “Mais de 20 engravidou” que já ganhou várias versões nos bailes das favelas e da periferia do Rio.  

Integrante do grupo, Beatriz Morgana explica que o objetivo é lutar pela libertação dos corpos e pelo espaço das mulheres aonde elas quiserem. Segundo Beatriz, “a gente está vivendo um momento muito importante de união das mulheres. A gente sempre ouviu funk, e essas mulheres que vieram com o funk – Valesca, Ludmila, MC Carol – são referências para o que a gente faz. A gente faz letras originais, e vocês nunca vão ouvir a gente cantar uma mulher contra outra, ‘ah, ela roubou meu namorado’, que ainda tem muito no funk. A gente acredita na sonoridade”, explicou.

Segundo Beatriz, “a gente está vivendo um momento muito importante de união das mulheres. A gente sempre ouviu funk, e essas mulheres que vieram com o funk – Valesca, Ludmila, MC Carol – são referências para o que a gente faz. A gente faz letras originais, e vocês nunca vão ouvir a gente cantar uma mulher contra outra, ‘ah, ela roubou meu namorado’, que ainda tem muito no funk. A gente acredita na sonoridade”.

Em outra intervenção, o coletivo Deixa Ela em Paz incentivou as participantes do ato a escreverem cartas e mensagens de apoio para a adolescente vítima de estupro coletivo, que repercute na imprensa desde a semana passada. Manuela Galindo, integrante do coletivo, diz que as mensagens estão sendo recolhidas por todo o país e chegarão às mãos da jovem.

Ela disse que o grupo faz colagem de lambe-lambe, stencil e outras formas, que são transformadas pelas mulheres em panfletos com mensagens educativas sobre assédio em transporte público, por exemplo, bem como para chamamento do grupo a discussões no Facebook. Segundo ela, o grupo participou de diversas ações desde o ano passado, quando foi criado, e “resolvemos fazer essa porque a gente percebeu que existe solidariedade das mulheres, e queríamos encontrar uma forma desse apoio e carinho chegar a ela [vítima de estupro], para que ela se sinta acolhida”.

Na passeata pela Presidente Vargas, houve chuva de papel picado em apoio ao ato, e as manifestantes gritavam palavras de ordem como “Mexeu com uma, mexeu com todas”, “Segura seu machista, a América latina vai ser toda feminista”, “Fora Temer”, “Fora Cunha” e “Fora Bolsonaro”.

Com muitas faixas, cartazes, instrumentos musicais e gritos de ordem, as mulheres diziam: “Eu não me dou ao respeito porque ele é meu por direito”, “Meu corpo, minhas regras”, “A culpa não é da vítima”, “Não é o tamanho da nossa saia que envergonha a sociedade, mas o tamanho do seu machismo”, “O estuprador não é doente mental, ele é filho saudável do patriarcado” e “O feminismo nunca matou ninguém, o machismo mata todos os dias”, entre outros.

Integrante do coletivo Mães e Crias na Luta e uma das organizadoras do evento, Tatiani Araújo explica que vários movimentos e coletivos se uniram para combater o machismo que ainda impera na sociedade. Também militante da Nova Organização Socialista (NOS), ela lembra que o ato marca a questão da violência e do estupro coletivo que a jovem de 16 anos sofreu na semana passada, além de denunciar a violência cotidiana que as mulheres passam pelo simples fato de serem mulheres.

“A gente está denunciando esse crime perverso, uma menina vitimada por mais de 30 homens, e que a sociedade segue vitimando, quando perguntam onde é que ela estava, com quem ela estava, com que roupas, a que horas e se ela é do tráfico ou não. Nada justifica a violência, nada pode culpabilizar a vítima. A gente quer mostrar que a violência é cotidiana, ela está nas escolas, nos nossos locais de trabalho, no transporte, na falta de política que nós passamos no país. Ela [violência] está no governo golpista, que coloca uma mulher que é contra o aborto, mesmo em casos de estupro, o que vai na contramão do que nós estamos passando”, acrescentou Tatiani.

A concentração ocorreu na Igreja da Candelária e seguiu em passeata pela Avenida Presidente Vargas até a Central do Brasil. A estimativa de público é da organização do ato. A Polícia Militar (PM) ressaltou apenas que “o metro quadrado está muito denso”.

*Com informações da Agência Brasil


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