O senador Romário (PSB-RJ) explicou, em sua página no Facebook, as razões que o levaram a deixar Comissão do Impeachment. Romário admitiu claramente que está em dúvida sobre o processo e que poderá votar contra o impeachment de Dilma Rousseff.
“No último dia 12 de maio, votei SIM para que o Brasil pudesse continuar caminhando. Enxerguei meu país afundado numa profunda crise de governabilidade, nadando em um mar de corrupção e, não menos importante, mergulhado em graves suspeitas de crime de responsabilidade cometidos pela presidente afastada Dilma Rousseff. Votei sim para que tivéssemos a oportunidade de aprofundar as investigações”.
Ele observou, porém, que “o governo Temer não tem o direito de cometer os mesmos erros da Dilma”. Acontece que “os primeiros dias do governo interino não foram como deveriam ser. No lugar de ministros ‘notáveis’, conforme Temer prometeu, tivemos ministros investigados. Vimos ministérios estratégicos para o país serem fundidos e perderem relevância, como o fundamental Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação. Assim como a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Temas relevantes e tão caros ao país, como o das pessoas com deficiência perderam relevância e foram abrigadas no Ministério da Justiça e Cidadania. Além da já anunciada extinção do Ministério da Previdência Social, órgão responsável pela elaboração de políticas, gestão e fiscalização de importantes benefícios sociais. Houve ainda a extinção Controladoria-Geral da União que, de certa medida, prejudica o combate à corrupção. Defendo o enxugamento da máquina pública e redução de custos do governo, mas não acredito que estas tenham sido as melhores alternativas”.
Romário disse foi “crítico ao governo Dilma”, mas adverte que, se votar contra o impeachment, não estará mudando de posição: “Finalizo esclarecendo que não há que se falar em mudança de voto porque são dois votos distintos. No primeiro, votei pela continuidade da investigação. O segundo e definitivo voto será para julgar o crime de responsabilidade, que eu farei, como sempre, guiado pela minha consciência e buscando o melhor para o Brasil”.
Romário não é o único senador a se dizer indeciso: essa mesma posição é compartilhada por Acir Gurgacz (PDT-RO), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Cristovam Buarque (PPS-DF), Omar Aziz (PSD-BA) e Raimundo Lira (PMDB-PB), que preside a Comissão do Impeachment. Além desses cinco senadores, outros 14 não revelam como votarão.
A rigor, apenas 43 senadores confirmam que votarão a favor do impeachment: o afastamento definitivo de Dilma exige 54 votos. Um dos indecisos, o senador Cristovam Buarque, disse ao jornal Folha de S.Paulo que “o jogo não está decidido”, até pelas dificuldades enfrentadas pelo governo Michel Temer. Mesmo os senadores favoráveis à saída de Dilma reconhecem que a situação está se complicando. O ex-tucano Alvaro Dias, hoje no PV, declarou à Folha que “as turbulências [no governo Temer] vão provocando temeridade”.
Deixe um comentário