A continuidade ou o arquivamento do processo de cassação do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está nas mãos da deputada Eronildes Vasconcelos Carvalho, a Tia Eron (PRB-BA). O relator do processo, o deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO), recomendou a cassação de Cunha.
Dentro do Conselho de Ética, nove deputados votarão a favor da cassação, e 10 deputados votarão contra. Se Tia Eron também votar contra, o resultado ficará em 11 votos contra 9: Cunha ficará livre da cassação, e receberá no máximo uma advertência. Mas, se ela votar a favor, haverá empate em 10 a 10, e aí a cassação de Cunha será aprovada pelo voto de minerva do presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA).
Tia Eron, que é integrante da Igreja Universal do Reino de Deus, foi indicada ao conselho pelo PRB no lugar de Fausto Pinato (PP-SP) com o objetivo de salvar Cunha, já que Pinato havia entrado em choque com o peemedebista. Já em sua primeira manifestação, ela disse que admirava o trabalho de Cunha na condução da Câmara: “É um presidente que fez essa Casa produzir como nunca, que limpou as gavetas de projetos que estavam parados. Tem minha admiração e meu respeito”.
As pressões vindas dos dois lados, contudo, parecem ter deixado a deputada indecisa. Questionada sobre seu voto, Tia Eron tem se recusado a revelar sua posição sobre o tema. Alguns deputados ouvidos afirmaram que sentiram da deputada indicações de que agora ela está propensa a votar pela cassação de Cunha, para não prejudicar as ambições eleitorais do PRB. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, ela teria dito que votará a favor da “preservação da moral” na Casa: “Eu sei o que tenho de fazer”.
Principal nome do partido no país e no Congresso, o deputado Celso Russomanno (PRB-SP) lidera com larga vantagem a corrida para a sucessão de Fernando Haddad em São Paulo. Ele declarou que seu partido defende a cassação de Cunha. Essa posição também é defendida pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), pré-candidato à Prefeitura do Rio. Se Tia Eron votar pela absolvição do deputado, isso pode comprometer a imagem do partido na eleição e prejudicar os dois. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a deputada tem reclamado que a maior pressão tem vindo dos seus eleitores.
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