Uma das responsáveis por formular o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, a jurista Janaina Paschoal ficou famosa, ganhou os holofotes da direita e acabou reverenciada pelo grupo de parlamentares que defendia a queda da petista. Agora que o governo de Michel Temer já está em plena execução, Janaina alega que foi “abandonada” pelos colegas.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira (8) pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a publicação, “Paschoal diz que foi abandonada pelos defensores do impeachment”. Apenas um parlamentar lhe daria apoio, o senador e novo líder do governo na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Antes bajulada, agora ela não recebe nem mesmo passagem e hospedagem para ir a Brasília defender o processo do qual é signatária.
Ainda de acordo com a reportagem, a jurista enxerga uma movimentação nos bastidores do Congresso para alongar o processo de impeachment “de modo a absolver a presidente Dilma Rousseff e o País partir para nova eleição”.
Pregando uma peça
Depois de protocolar o pedido de impeachment e de ficar famosa na internet por seus discursos, Janaina Paschoal acabou parcialmente esquecida depois de cair em uma peça pregada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que tirou dela a admissão de que Michel Temer cometeu crime de responsabilidade e que deveria cair.
Randolfe esperou até 1h da madrugada para questionar a autora, que na ocasião foi a Brasília defender no Senado as razões para a queda da presidenta. O senador apresentou a edição dos decretos de créditos suplementares sem dizer a quem pertencia. Em seguida, pediu a opinião de Janaína, que não titubeou ao receitar o impeachment.
A jurista lembrou que esses créditos assinados sem autorização do Congresso significam “crime de responsabilidade”, seu embasamento para pedir o afastamento de Dilma.
“Fico feliz com sua opinião, porque a senhora acabou de concordar com o pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer”, respondeu o senador. “Essas ações que eu li foram tomadas pelo vice.”
Visivelmente constrangida, ela tentou se explicar, uma vez que, horas antes, havia defendido não haver indícios para pedir o impeachment do vice. “O vice-presidente assina documentos por ausência do presidente, por delegação. Neste caso, não há o tripé de crimes continuados e intercalados entre si”, afirmou.
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