O grande pacto

Foto: EBC/montagem
Foto: EBC/montagem

O Brasil precisa escolher a sua prioridade.

É a Lava Jato? É o impeachment? É o plebiscito? São as Diretas Já? Ou é combater a recessão?

Acho que a prioridade deve ser o combate à recessão, pois enquanto falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão.

E a recessão não será revertida enquanto a incerteza política continuar.

A recessão não será revertida enquanto não houver uma trégua política.

A recessão não será revertida enquanto Temer governar.

A recessão não será revertida enquanto existir a Lava Jato.

A recessão não será revertida enquanto Lula for candidato a presidente em 2018.

A recessão não será revertida enquanto houver a possibilidade de plebiscito.

A recessão não será revertida enquanto estiver em discussão a Diretas Já.

A recessão só será revertida quando os agentes econômicos tiverem certezas acerca do futuro político do país.

A recessão só será revertida se os partidos políticos, os sindicatos, as entidades patronais da indústria e do comércio, o Poder Judiciário e a sociedade civil acertarem um grande pacto nacional com os seguintes pontos:

1) Fim do processo de impeachment: é um processo viciado que só piorou a situação política e econômica, aguçou os confrontos e não trará a paz, qualquer que seja o seu resultado.

2) Renúncia de Temer: é um governo ilegítimo que se instalou de forma golpista, formou-se com base em critérios exclusivamente políticos, apresentou uma agenda que não tem apoio popular, não tem unidade e quanto mais tempo demorar mais danos trará à política e à economia, seja por mais dois meses ou por mais dois anos.

3) Fim da Lava Jato: proponho que o último ato da Operação seja a prisão de Eduardo Cunha depois de ser cassado e com isso se encerre o período de prisões, pois, a continuar nesse ritmo não haverá tranquilidade política. Os que estão presos serão julgados não mais pelo juiz Sérgio Moro, mas pelo STF, para onde deverão ser transferidos todos os recursos, repetindo o que foi feito com a Ação Penal 470, conhecida como Mensalão.

4) Compromisso de Lula de não se candidatar em 2018: nenhum brasileiro foi presidente por três mandatos, nem é bom que isso aconteça, por maior que seja a sua capacidade política e a sua popularidade; embora a Constituição não proíba, o bom senso indica que dois mandatos deve ser o limite, o que, inclusive, deveria ser incorporado à Constituição, por meio de uma emenda constitucional.  

5) Dilma retoma seu mandato até 2018 com ministério apartidário: somente dessa maneira o calendário político vai retomar a sua normalidade; o afastamento definitivo de Eduardo Cunha deverá contribuir para que a turbulência do primeiro ano do segundo mandato de Dilma não se repita e ela consiga governar sem pautas-bomba à frente de um ministério de notáveis, sem vínculos partidários, a exemplo do que fez Itamar Franco, sem a presença de PT, PMDB ou demais partidos, com as melhores cabeças do país em cada especialidade; a prioridade desse novo governo Dilma deverá ser o combate à recessão, a fim de que o país retome o crescimento já no governo do seu sucessor.

É um pacto difícil de ser concretizado, mas não vejo outra maneira de acabar com a luta política acirrada em que o país mergulhou e que, se continuar, poderá trazer consequências ainda mais nefastas para a política e para a economia.

Qualquer outra proposta é um convite à instabilidade e a mais discussão, inclusive a do plebiscito, pois será mais uma vez aberto um debate com prós e contras e a das Diretas Já, igualmente discutível e impossível de ser concretizada ainda este ano.

O grave momento exige decisões corajosas, amplas e irrestritas e total desapego ao poder.


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