A um passo de ficar inelegível por 11 anos após o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovar parecer favorável à sua cassação, o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não deve “cair sozinho”, preveem políticos em Brasília.
Para boa parcela do PMDB, Cunha é uma bomba-relógio. Ele sabe muito “e não cairia sozinho”, afirmou um interlocutor ao jornal Folha de S.Paulo. “Pode ser o começo de uma grande confusão”, previu um cacique.
Para outros, as ameaças que ele vem disparando nos bastidores não passam de “blefe”. Acontece que sua queda definitiva lhe custará o foro privilegiado, e seu caso deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) para cair nas mãos do juiz Sergio Moro, da Justiça Federal em Curitiba.
Muitos temem que o fato seja suficiente para Cunha costurar um acordo de delação premiada, levando com ele uma enxurrada de outros políticos. Cunha, no entanto, diz que é inocente dos crimes que lhe atribuem e que por isso não há nada a delatar. Para um investigador da Lava Jato, ter Cunha e Marcelo Odebrecht frente a frente “seria o melhor fim do mundo”.
Sobre o governo interino de Michel Temer, a queda definitiva de Cunha terá impacto na mesma medida em que o Planalto se comprometer a salvá-lo da cassação. Para que o parlamentar perca o cargo e fique inelegível serão necessários 257 votos dos 512 deputados.
Cunha vai recorrer
Marcelo Nobre, advogado de Cunha, antecipou ainda na terça-feria (14) que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para questionar elementos do parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo no Conselho de Ética da Câmara.
Na avaliação de Nobre, a votação foi política e não havia provas materiais de que Cunha fosse o titular das contas na Suíça. Teria havido uma condenação sem prova “e isso é linchamento”. “A decisão foi política, apesar de seguir ritos, normas. O julgamento não foi jurídico, foi político”, disse.
O presidente afastado da Câmara dos Deputados é acusado de quebra de decoro parlamentar por ter mentido sobre o fato de ter contas no exterior, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Na votação de hoje, o relatório de Marcos Rogério foi aprovado por 11 votos a 9.
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