Documentos da ditadura ajudam a entender a atual “ruptura do processo democrático”, afirma brasilianista americano

O brasilianista James N Green - Foto: Arquivo Pessoal
O brasilianista James Green – Foto: Arquivo Pessoal

Especialista em assuntos brasileiros, o historiador americano James Green está em Brasília para a entrega ao Memorial da Anistia de sete mil documentos digitalizados, produzidos pelo governo dos Estados Unidos sobre a ditadura militar (1964-1985). “Como existe neste momento uma ruptura do processo democrático, como aconteceu em 1961 com a tentativa do golpe e em 1964, com o golpe bem-sucedido, o acesso aos arquivos sobre este período pode ajudar a entender tanto o passado quanto o presente”, afirma Green, que é professor de história latino-americana e diretor do centro de estudos Brazil Initiative, da Universidade de Brown, em Rhode Island, nos Estados Unidos.

A digitalização e indexação dos documentos integram uma parceria entre a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça com a Universidade de Brown e será apresentada na tarde desta terça-feira em Brasília. Nessa fase do projeto, serão entregues à Comissão de Anistia cópias digitais de documentos pesquisados na Biblioteca Presidencial Lyndon Johnson, em Austin, no Texas. Entre eles estão análises políticas; documentos liberados da CIA, o serviço de inteligência americano; e dossiês compilados pelo Exército dos Estados Unidos sobre oficiais das Forças Armadas brasileiras.

Todo o material será também disponibilizado no site do Opening the Arquive Project, da Universidade de Brown. À frente da iniciativa, o brasilianista Green destaca que após o golpe de 1964 as relações entre Brasil e os Estados Unidos se aprofundaram de forma expressiva e que estudar a história das relações entre os dois países facilita a compreensão do momento atual. “Acredito que o novo projeto do governo interino visa uma interação mais intensiva com Washington”.

A parceria entre a Universidade de Brown e a Comissão de Anistia está prevista para ter continuidade nos próximos oito anos. A meta é digitalizar um total 100 mil documentos sobre o Brasil que se encontram nas bibliotecas dos presidentes John Kennedy, Lyndon Johnson, Richard Nixon, Gerald Ford, Jimmy Carter e Ronald Reagan. Além das bibliotecas presidenciais, serão também pesquisados materiais do Arquivo Nacional dos Estados Unidos, em Washington.


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