Rachada. É assim que a população britânica chega nesta quinta-feira (23) aos postos de votação no Reino Unido (termo usado para designar um conjunto de países formado por Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales) para decidir, em referendo, se o conjunto de países continua ou deixa a União Europeia (UE). Inicialmente, os resultados das pesquisas mostravam que apoiadores e contrários à permanência no bloco tinham uma proporção de 50% a 50%. Posteriormente, o número dos que eram a favor da saída cresceu de forma constante, mas a última pesquisa aponta que 51% dos britânicos querem continuar parte da UE.
Os britânicos devem definir seu destino respondendo à questão: “O que deve fazer o Reino Unido: permanecer na União Europeia ou sair da União Europeia?” A Comissão Eleitoral informou à agência russa RIA Novosti que participarão da votação 46,5 milhões de pessoas, sendo 24,1 mil residentes em Gibraltar (território britânico na Espanha).
Entre os que defendem a saída do Reino Unido da União Europeia, um dos principais argumentos é econômico. Eles afirmam que, com o Brexit – união das palavras Britain (Grã-Bretanha) e Exit (saída, em inglês) –, o Reino Unido ficaria livre para estabelecer relações comerciais com outros países, por exemplo, a China. Os favoráveis ao Brexit afirmam que a taxação sobre as exportações para países de fora da UE é extremamente alta.
Outro ponto é que o Reino Unido não teria que enviar dinheiro a Bruxelas – o equivalente a 440 milhões de euros semanais –, para contribuir com o Orçamento europeu. O dinheiro poderia ser usado em pesquisa científica e novas indústrias, dizem os defensores do Brexit.
Além disso, os defensores da saída alegam que o Reino Unido poderá, caso saia da UE, alterar as políticas de migração e criar seu próprio regulamento para a entrada de refugiados. Esse último ponto é muito polêmico e tem muito peso na votação, em um momento de grave crise migratória e em que os países europeus não conseguem chegar a um acordo sobre como deve ser a política para os refugiados.
Contra a saída
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, confirmou que a posição oficial do governo britânico será defender a continuidade do conjunto de países em uma Europa reformulada.
Os argumentos dos que desejam permanecer na União Europeia são de que o Reino Unido, enquanto membro do bloco, está livre de pagar tarifas de exportação, o que reduz a burocracia e permite com que 45% das exportações britânicas sejam para dentro da UE. Outro ponto é que a participação na UE propicia a livre circulação de trabalhadores, de dinheiro e de produtos.
Para os que querem ficar na UE, deixar o bloco não significa que a imigração cairá, pois países de fora têm maiores índices de imigrantes, incluindo pessoas vindas da própria UE.
Alguns analistas afirmam que o assassinato da deputada Jo Cox, na semana passada, pode ter um grande peso nessa decisão sobre o Brexit. Cox foi morta a tiros e facadas por um homem com problemas mentais e supostas ligações a grupos neonazistas. Ela defendia os direitos dos migrantes e refugiados e a permanência do Reino Unido na União Europeia. Algumas pesquisas já afirmam que, após a morte dela, o número de pessoas que votarão pela permanência da União Europeia já ultrapassou os que optaram pela saída.
A apuração dos votos começa pouco depois do fechamento dos postos de votação, às 22h (horário local) ou 18h (horário de Brasília). Os primeiros resultados serão divulgados à noite. Os resultados oficiais serão conhecidos nesta sexta-feira (24), em Manchester.
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