Poeta sírio Abud Said critica “direitos humanos” e é vaiado na Flip

Daniel Benevides, Abud Said e Patrícia Campos Mello. Foto: Walter Craveiro/ Flip
Daniel Benevides, Abud Said e Patrícia Campos Mello. Foto: Walter Craveiro/ Flip

“O cara mais esperto do Facebook”, como se auto-intitula e intitula o livro que está lançando, o poeta sírio Abud Said protagonizou neste domingo o momento mais tenso da 14a Festa Literária Internacional de Paraty, durante a mesa Siria Mon Amour, que dividiu com a repórter e colunista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello. “O jornalismo, a mídia, as organizações de direitos humanos, o conselho da ONU, os escritores, todos eles estão fazendo um jogo sujo. Eu não gostaria de participar desse jogo”, disse Said sobre o que se fala de seu país e do Estado Islâmico. Ao completar que “não há sociedade mais doente que a sociedade culta, intelectual, esse pessoal que trabalha com direitos humanos”, o poeta recebeu fortes vaias e chegou a ser xingado de babaca por membros da plateia na Tenda dos Autores.

Em tom apaziguador, demonstrando compreender o choque cultural da situação, Patrícia Campos Mello explicou que é difícil para um jornalista entrar em um território distante e contar a história de outras populações, mas defendeu a tentativa de transpor essas narrativas com o mínimo de distorções o possível. A repórter foi bastante aplaudida, assim como foi o próprio poeta em outros momentos, quando contou histórias engraçadas de sua vida como refugiado na Europa: “Na Alemanha sou muito livre. São bonitos, loiros, e trabalham sempre com a ideia de certo e errado”, brincou. “No sistema europeu tudo são regras.”

A mesa, que teve mediação do redator-chefe da CULTURA!Brasileiros, Daniel Benevides, teve como proposta discutir a situação da Síria através da visão de uma jornalista, que já esteve três vezes no país cobrindo conflitos, e de um escritor local. Desde o início, no entanto, Said mostrou disposição para polemizar: “Eu não tenho nada a ver com o que acontece na política do meu país. Escrevo sobre o meu dia a dia de maneira simples, e o pessoal mais preparado me explicou que isso é literatura”, ironizou. “Não tem nada a ver com a guerra, e é só sobre isso que me perguntam”. Said lança na Flip o livro que reúne posts feitos em seu Facebook ao longo dos últimos anos.

Campos Mello, por sua vez, que prepara o livro Lua de Mel em Kobani, baseado na história real de um casal de refugiados, falou sobre a experiência de cobrir guerras no Oriente Médio. Perguntada se não tem medo, foi contundente: “Vou te dizer uma coisa: eu não tenho direito de ter medo. Vou lá, passo um tempinho com as pessoas e volto. E as pessoas vivem lá, tomando bomba na cabeça todo dia. Eu ter medo, é uma a coisa absurda”. A repórter contou da entrevista que fez com um comandante do Estado Islâmico, da experiência que passou com soldados americanos em um tanque de guerra e das conversas que teve com a família do menino Alan Kurdi, que chocou o mundo ao aparecer morto em uma foto, afogado em uma praia da Turquia.

Sobre o fato de ser uma mulher cobrindo conflitos em países conhecidos pela intolerância de gênero, Campos Mello surpreendeu ao afirmar que considera ter uma vantagem: “Tenho acesso a 50% da população que os homens não têm”. Para dar exemplos, citou as entrevistas que consegue fazer com mulheres vítimas de estupros, por vezes transformadas em escravas sexuais, e que nunca falariam com jornalistas homens. “As vezes acho que é mais difícil ser mulher cobrindo guerra com os ocidentais”, completou ela.  


Comentários

Uma resposta para “Poeta sírio Abud Said critica “direitos humanos” e é vaiado na Flip”

  1. Avatar de Pedrão de Cunha
    Pedrão de Cunha

    DIREITOS HUMANOS É VENENO CRIADO NA ONU PARA INVIABILIZAR PAÍSES, CRIAR DITADURA, PERSEGUIÇÃO AOS PATRIOTAS,INCENTIVO A CRIMINALIDADE, AUMENTO DA TAXA DE HOMICÍDIOS PARA CONTROLE POPULACIONAL, ASSIM COMO A IMPOSIÇÃO DO ABORTO (QUE NA CHINA É À FORÇA) E O GAYZISMO DOUTRINÁRIO.

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