A urgência com que o presidente do Senado, Renan Calheiros, pretende aprovar o projeto de lei sobre “abuso de autoridade”, parado desde 2011 e cujo relator é Romero Jucá, limitando investigações, interessa não só a ele e a Jucá, como a vários senadores do PMDB, cuja atuação nos bastidores de vários ministérios é cada vez mais notória.
De acordo com novas revelações da delação premiada de Delcídio do Amaral, a bancada do PMDB no Senado é protagonista, especialmente, no Ministério de Minas e Energia, mas também na área de planos de saúde e de laboratórios. Tem representantes na Eletrosul, Eletronorte e até, mais recentemente, nas diretorias de Abastecimento e Internacional da Petrobras, além da Eletronuclear. Entre os senadores destacam-se Renan Calheiros, Romero Jucá, Edson Lobão, Jader Barbalho e Valdir Raupp.
Passaram pelas mãos desse “time”, segundo Delcídio, as Usinas Hidrelétricas Jirau & Santo Antonio e Belo Monte, entre outras obras, além da Usina Nuclear de Angra dos Reis.
Na Petrobras, abraçaram a manutenção de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento e de Nestor Cerveró na Diretoria Internacional, como consequência do “escândalo do Mensalão”.
A ação desse grupo se fez presente em subsidiárias da Petrobras como, por exemplo, a Transpetro. Lá reinou, absoluto, durante 10 anos, Sérgio Machado, indicado por Renan. “Seguidas vezes o vi, semanalmente, despachando com Renan na residência oficial da Presidência do Senado”, contou Delcídio ao juiz Sergio Moro.
A influência dos senadores do PMDB se estende à ANS e à Anvisa, que indicaram seus diretores, principalmente os senadores Eunício Oliveira, Renan Calheiros e Romero Jucá. “Jogaram pesado com o governo para emplacarem os principais dirigentes dessas agências” contou Delcídio. “Com a decadência das empreiteiras, as empresas de planos de saúde e laboratórios se tornaram os principais alvos de propina para os políticos e executivos do governo”.
De acordo com Delcídio “vale lembrar que empresas do senador Eunicio Oliveira prestavam e prestam ainda serviços terceirizados à Petrobras e a vários ministérios, através de contratos milionários, sendo que alguns com dispensa de licitação ou sem concorrência pública”.
Alguns dos principais operadores do PMDB são o paraense Jorge Luz e Milton Lyra, “um ‘homo brasiliensis’, educado, fino e com grande atividade junto aos fundos de pensão. Exemplo típico dessa atuação é a postalis, que foi presidida na sua gestão anterior por Alexej Predtechensky indicado por Renan e Lobão”.
Disse Delcídio que “o ‘homo brasiliensis’ opera bastante com o deputado Eduardo Cunha e o senador Romero Jucá, especialmente na definição de emendas às MPs que tramitam na Câmara e no Senado”.
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