No momento em que oscila entre extremos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou reabastecer suas energias no Nordeste, onde visitou Caruaru, no Agreste Central de Pernambuco.
Na região em que é líder inconteste, ele recebeu notícias opostas. De um lado, continuava alvo preferencial do juiz Sergio Moro, que contestou com pitadas de arrogância o pedido da defesa do ex-presidente de anular grampos telefônicos feitos pela Lava Jato.
Como se não bastasse, o juiz aproveitou o palco do Wilson Center, em Washington, onde palestrou, para dizer que dar publicidade à Lava Jato não é tentativa de manipular a opinião pública. Seria, sim, um esforço para evitar que “réus poderosos” obstruíssem processos.
Em Washington, Moro não citou, é claro, o nome de Lula. Em contrapartida, do outro lado do Oceano Atlântico, o ex-presidente ocupou a capa e as seis primeiras páginas do jornal francês Libération, com a manchete de capa “Os pobres são a solução” e outra, interna, “A política é a arte do impossível”.
O Libération não fez rodeios ao resumir sua conclusão: “Escutando seus argumentos (de Lula), entendemos a injustiça política que atinge Dilma Rousseff, vítima de seus erros, mas sobretudo a operação reacionária que muitos brasileiros chamam de golpe”.
“Lula é um social-democrata originário do povo”, escreve a jornalista Chantal Rayes, no jornal francês. “Sua política é contestada também por ter retirado da miséria 35 milhões de pobres, que os governos anteriores sacrificavam, sem nenhuma vergonha, para o enriquecimento de uma pequena elite”.
Ao Libération, o ex-presidente prometeu o mesmo que nos comícios no Nordeste: disputar a Presidência da República em 2018, caso fosse necessário “proteger as políticas sociais”. Na viagem para regar raízes, fez ainda outra recomendação: “A gente não precisa xingar o Temer. Temos que dizer para ele: quer ser presidente? Ganhe uma eleição!”.
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