Veneza ilumina sua Bienal

Com o tema ILLUMInazioni, a 54ª Bienal Internacional de Arte tenta colocar mais brilho na mais antiga exposição do gênero, que nesta edição tem como curadora a suíça Bice Curiger. Como quase sempre acontece nas grandes exposições de arte, a literatura dá suporte aos conceitos pensados pelos curadores nesta Bienal. A curadora fala que se pode fazer a associação com a obra Iluminações, de Arthur Rimbaud, e com Iluminação Profana, de Walter Benjamim, sobre a experiência surrealista para a arte venerável das iluminuras medievais e na filosofia da iluminação (século 12, Pérsia).

Neste ano o presidente da Bienal, Paolo Barata, saiu-se com sua melhor análise: “A Bienal é como uma máquina de vento. De dois em dois anos, sacode a floresta, revela verdades escondidas, dá nova força e luz para as novas brotações, mostrando troncos velhos e persistentes ramos, de uma perspectiva diferente”. Alguns críticos já estão preocupados porque, seguindo a metáfora de Barata, há muitos troncos velhos na lista desta bienal. Na verdade, muita gente torceu o nariz pelo fato dele querer abrir com uma mostra de Tintoretto.
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O roteiro que se cumpre de dois em dois anos não mudou: a mostra central toma todo o Pavilhão Central da Bienal, que fica no Giardinni – um imenso parque às margens do Grande Canal, e já no fim do calçadão que margeia as águas mansas do Mediterrâneo. Fora do Giardinni, a Bienal continua no Arsenale, antigo entreposto de sal. Nos dois espaços, 82 artistas de vários países (sendo 32 deles, jovens nascidos depois de 1975) têm a tarefa de construir a espinha dorsal desta edição.

Gravitando em torno deste eixo central, a Bienal de Veneza conta com a participação de 89 países, alguns com pavilhões próprios – como o Brasil, que tem localização privilegiada dentro do conjunto e será representado por Artur Barrio. Não há brasileiros na mostra principal, mas para as paralelas foram escolhidas duas artistas brasileiras: Rivane Neuenschwander e Cinthia Marcelle. Neuenschwander participa de uma coletiva com curadoria de Rosa Martínez, que já foi co-curadora da Bienal de São Paulo, e Marcelle vai expor numa exposição organizada pelo Pinchuk Art Centre, centro de arte contemporânea sediado em Kiev, na Ucrânia.

A Bienal de Veneza, que nasceu em 1895, tem a capacidade de movimentar dezenas de suas instituições culturais; algumas, sede de fundações importantes como a Peggy Guggenheim, além de igrejas e museus que se desdobram para enriquecer os chamados “eventos colaterais”.

Como a Bienal ainda atribui prêmio, o cobiçado Leão de Ouro, há sempre uma grande expectativa e apostas em tono do possível artista vencedor e do melhor pavilhão. Este ano, as expectativas ainda não revelaram as preferências, mas a França, com um de seus principais expoentes, Christian Boltanski, é uma forte concorrente. Para adensar a discussão sobre os caminhos da arte, a Bienal de Veneza promoverá seminários que reunirão, de junho a setembro, grandes nomes do circuito, entre artistas, curadores e filósofos.


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