Como é alentador descobrir que há esportistas capazes de formular pensamentos que vão além do seu esporte, estão por dentro do que acontece em nosso país mesmo não vivendo aqui e não têm medo de dizer o que pensam, ainda que o que pensam possa não agradar a uma boa parcela de brasileiros que estão embarcando inocentemente nessa aventura de apoiar um golpe parlamentar contra uma presidente da República que, como já foi provado, não cometeu nenhum crime de responsabilidade e corre o sério risco de perder o mandato porque uma maioria de deputados e senadores golpistas e oportunistas, muitos deles processados por corrupção, assim decidiu.
Que bela lição nos deu a esgrimista venezuelana chamada Alejandra Benitez, ex-ministra de Esportes e que sempre teve ligações com o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez ao dizer, com a valentia de que só os mosqueteiros (e mosqueteiras) são capazes, que não vai saudar Temer na festa de abertura da Olimpíada porque é ele um golpista e os golpistas são antidemocráticos!
“É triste que não tenha havido um apoio mais contundente à companheira Dilma [Rousseff]. E, neste momento dos Jogos, não se pode fazer nada porque ela não vai estar lá na cerimônia de abertura”, disse ela. “Lamento porque pensava que ia passar pelo estádio e iria saudar a Dilma, como presidente da república. Mas agora há um golpista. Eu não vou saudá-lo, por exemplo, porque é um golpista. Não sei se todos os venezuelanos vão, mas eu não vou. Passarei diretamente porque ele é um golpista, e os golpistas são antidemocráticos. Eu sou pela democracia e pela justiça. Queria ver a Dilma, e não vou a saudá-lo”.
Se os atletas brasileiros fossem tão conscientes e tão politizados quanto ela levariam a medalha de ouro mais importante dessa Olimpíada: a medalha de ouro da democracia.
Mas não podemos esperar nada deles nesse quesito; a venezuelana levou a primeira medalha de ouro para o seu país antes da competição começar.
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