Na Flórida (EUA), o número de infectados com o vírus Zika chegou a 14 pessoas, segundo o mais recente boletim do governo americano. A notícia do aumento do número de casos está começando a assustar o país e vem na esteira de pesquisas feitas na Universidade Northeastern, em Boston. Segundo a universidade, a epidemia de Zika pode ser bem maior do que os números apontam.
A equipe do pesquisador Alessandro Vespignani projetou que, no dia 15 de junho, havia cerca de 30.000 casos de viagem relacionadas ao Zika nos Estados Unidos, um número 25 vezes maior do que o relatado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças) na mesma data.
A discrepância resulta da diferença entre os casos relatados –que devem ser devidamente diagnosticados e notificados ao sistema de vigilância- e aqueles que os algoritmos dos computadores dos pesquisadores conseguem projetar.
A equipe de Vespignani está tentando fazer projeções para o Zika e casos de microcefalia no mundo. São 14 pesquisadores que usam modelos computacionais para integrar dados de viagens das populações com simulações de transmissão da infecção. O objetivo é estimar a propagação do Zika no futuro. A pesquisa está sendo financiada pelo Instituto Nacional de Saúde nos Estados Unidos, o NIH, na sigla em inglês.
Risco durante as Olimpíadas, entretanto, é pequeno
Apesar disso, o estudo diz que a chance de contrair Zika como resultado das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro é extremamente pequena, diz Vespignani. Isso porque o aumento das viagens aéreas a partir de áreas afetadas Zika será mínima- menos de 1%.
“O número de pessoas que viajam com Zika em todo o mundo já tem sido enorme”, diz Vespignani. “E a cidade do Rio de Janeiro não é muito afetada no momento. As 500 mil pessoas que vão viajar para lá durante os jogos são apenas uma pequena parcela do quadro de transmissão do vírus.”
Difícil projeção
A projeção do Zika é mais difícil que outras doenças porque ele é transmitida, não de pessoa para pessoa, mas a partir de mosquitos para as pessoas. Por isso, são necessários dados de mobilidade humana, mudanças de temperatura e densidade populacional, além de saber o ciclo de vida do mosquito e seus padrões de viagem.
Também a subnotificação é um outro problema para as projeções e ela ocorre porque até 80% das pessoas com a doença não manifestam sintomas. E, mesmo dentre aqueles que tiveram sintomas, apenas um terço vai ao médico receber um diagnóstico.
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