A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (13) a Operação Clístenes para desarticular uma organização criminosa que prometia a candidatos fraudar urnas eletrônicas nas eleições deste ano. Os envolvidos pediam R$ 5 milhões para candidatos a prefeito e R$ 600 mil para candidatos a vereador ao oferecer o serviço.
“A lábia destes criminosos era tão grande que eles chegavam a afirmar: ‘o trabalho é de 100%, ou o seu dinheiro de volta”, contou o delegado Fernando Casarin, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da PF no Rio Grande do Sul.
Ao longo das investigações em três Estados e no Distrito Federal, segundo ele, foi possível constatar que se tratava de estelionato, já que o grupo não teria meios para efetivamente fraudar as urnas eletrônicas. “Eles alegavam que a alteração seria feita através da empresa que supostamente oferecia o software pela Justiça Eleitoral. No entanto, o software em questão é produzido pela própria Justiça Eleitoral”, explicou o delegado.
A investigação teve início há cerca de um mês e meio, depois que um prefeito da região metropolitana de Porto Alegre foi contatado pelos criminosos que ofereciam o serviço. Ele então fez uma denúncia à PF, que o orientou a manter contato com os criminosos para, assim, identificar os envolvidos e a forma como agiam.
Na manhã de hoje, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, dois em Brasília (DF) e um em Xangri-lá (RS), e três mandados de condução coercitiva, em Xangri-lá, Canoas (RS) e Piripiri (PI). Além disso, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Canoas, Xangri-lá, Goiânia (GO) e Brasília. Um dos alvos de prisão preventiva em Brasília não foi encontrado e está foragido.
Casarin ressaltou a importância de a Operação Clístenes ter sido deflagrada nesta terça, véspera da data em que as urnas eletrônicas começarão a ser carregadas com os dados dos candidatos. “Dessa forma, é possível dar a garantia ao eleitor de que nas eleições não haverá qualquer tentativa de fraude, uma vez que os envolvidos nessa prática estão presos”, afirmou o delegado.
Os presos responderão pelos crimes de estelionato e organização criminosa, cujas penas somadas variam de quatro a treze anos de reclusão. Eles serão encaminhados ao sistema prisional, onde permanecerão à disposição da Justiça Eleitoral.
A Polícia Federal seguirá investigando para identificar se o grupo conseguiu vender o serviço falso para algum candidato. Em caso positivo, os compradores também serão indiciados.
Segundo a Secretária de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grando do Sul, a urna eletrônica possui mecanismos de segurança que garantem que somente os programas gerados na cerimônia de lacração possam ser executados com status de aplicação oficial. Durante a cerimônia, os programas são inspecionados, fazendo que não seja possível gerar um programa malicioso para fraudar a eleição.
* Com Agência Brasil
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