Arte metafísica na raiz da modernidade

Mestre dos mestres? Pode-se dizer que sim. A arte metafísica de Giorgio De Chirico (1888-1978) deixou marcas indeléveis na obra de toda uma geração de artistas modernos, em particular, expoentes do movimento surrealista, como Salvador Dalí. Por extensão, também influenciou muito brasileiro de renome, caso de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Iberê Camargo, de quem foi professor. A exposição De Chirico, o Sentimento da Arquitetura pode mostrar quais elementos ele imprimiu na obra de tantos outros mestres que projetaram a modernidade no mundo. Parte do projeto Momento Itália/Brasil, a mostra é a maior seleção de De Chirico já apresentada por aqui: 45 pinturas, 11 esculturas e 66 litografias. Com curadoria da crítica de arte italiana Maddalena d’Alfonso, já passou pela Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; segue para o Museu de Arte de São Paulo, onde fica de março a maio. Encerra a temporada na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG), de maio a julho. As obras pertencem ao Museu de Arte Moderna de Nova York, ao Instituto de Arte de Chicago, à Fundação De Chirico, ao Museu Picasso, de Paris, e a co­lecionadores.

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De Chirico foi, ele próprio, o artífice da pintura metafísica (leia-se: além das coisas físicas, na filosofia grega), daí a atmosfera onírica de suas cenas misteriosas que recebem inserções completamente alheias ao universo em foco. Para a curadora Maddalena d’Alfonso, é preciso ver essa pintura como uma “pintura de memórias afetivas”, e embora tenha sido sua inspiração, difere do surrealismo, que expressa “sonhos e delírios”. O recorte da mostra em cartaz prende-se particularmente aos cenários urbanos e seus elementos arquitetônicos que tanto ele focalizou em numerosas criações feitas de vazios, perspectivas, luzes e sombras, além de muita melancolia. Basta ver a obra Piazza d’Italia con statua di Cavour (1974). Ou Os Arqueólogos, série das décadas de 1960 e 70, homens cujos corpos abrigam relíquias, como se fossem depositários de civilizações passadas, agregando ícones de diferentes espaços. Aliás, como o próprio De Chirico, nascido em Volos, na Grécia, que viveu em Mônaco, Paris, Nova York, Ferrara, Florença e Turim até se fixar em Roma. Outro ponto importante: as obras da exposição em cartaz são de uma segunda fase de sua arte metafísica, já que ele abandonou o movimento, abraçou outros conceitos artísticos, por conta disso rompeu com seus interlocutores e seguidores, para depois regressar, então bem mais maduro. Para os especialistas, nada mais emblemático do seu retorno que a obra O Filho Pródigo (1975), que trata de um silencioso e abatido confronto entre criador e criação, também no centro de uma praça.

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Av. Paulista, 1578 – São Paulo – SP
De março a maio de 2012

Casa Fiat de Cultura
Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250 – Belo Horizonte – MG
De maio a julho de 2012

 


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