Em 2014, a artista escocesa Katie Paterson colocou no mundo o projeto Biblioteca do Futuro. O intuito é ousado: reunir cem livros para serem lançados e lidos um século depois de terem sido escritos. Sendo assim, só a partir de 2114 os livros da canadense Margaret Atwood, do britânico David Mitchell e, agora, do islandês Sjón estarão acessíveis para o público.
A cada ano, Katie anuncia um escritor para participar desse desafio contra a temporalidade da escrita, no qual devem escrever uma obra para que encontrem um leitor receptivo no futuro. Atwood e Mitchell já entregaram seus manuscritos, intitulados Scribbler Moon e From Me Flows What You Call Time, respectivamente. Anunciado em outubro deste ano, o islandês Sjón deve entregar seu manuscrito apenas em 2017, quando outro nome será anunciado para o ano seguinte, e assim sucessivamente. Os livros serão deixados em um cofre, em Oslo, até serem “despertados”.
Próxima à casa onde está guardado o cofre fica a floresta de Nordmarka, onde foi designado um espaço para o cultivo de árvores; elas irão fornecer o papel para que os livros sejam impressos. O projeto foi encomendado pela Bjørvika Utvikling, empresa responsável por fazer crescer “uma nova cidade dentro da cidade de Oslo”. A ideia da empresa é incentivar a produção da arte em espaços públicos.
As entregas dos manuscritos contam com uma cerimônia na floresta a cada primavera. Em maio deste ano, a entrega de David Mitchell foi transmitida via streaming na página do projeto no Facebook. Mitchell discursou sobre seu livro e a importância de um projeto como esse, em meio às mil árvores que foram plantadas. Katie convida todos que quiserem a visitar o local e compartilhar sua experiência nas redes sociais.
Além de ser um projeto que visa a ocupação do espaço público com arte, a Biblioteca do Futuro quer garantir aos pessimistas que o livro impresso ainda estará vivo daqui a cem anos; também é uma visão otimista sobre nosso futuro, apesar das catástrofes, guerras e outros conflitos que estão em curso.
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