Eduardo Cunha é preso em Brasília e será levado para Curitiba

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB) - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-deputado Eduardo Cunha foi preso nesta quarta-feira (19), em Brasília. A informação, confirmada pela Polícia Federal, é de que se trata de uma prisão preventiva, sem data prevista para soltura.  Ele está sendo levado ao aeroporto e irá para Curitiba, no Paraná, onde será julgado.

A decisão foi expedida ontem pelo juiz Sergio Moro e cumprida hoje. Os principais motivos são tentativa de obstrução do processo da Lava Jato e risco de fuga. Além de ser preso em Brasília, a casa de Cunha, no Rio de Janeiro, foi alvo de busca e apreensão.

Cunha é réu da Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O processo corre há algum tempo, mas com a perda do mandato (foi cassado em setembro do cargo de presidente da Câmara Federal) ele não tem mais o foro privilegiado e seu processo caiu na alçada da Justiça Federal do Paraná, em primeira instância.   

Anteriormente, o juiz Moro não havia aceitado a denúncia já oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Cunha, por crime eleitoral. Janot havia acusado Cunha de omitir as contas no exterior de suas declarações de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

 Logo após a prisão, em vídeo divulgado na internet, o senador Lindbergh Farias (PT), disse: “Espero, sinceramente, que ele fale porque eu tenho certeza de que a delação de Eduardo Cunha não deixará pedra sobre pedra nesse governo de Michel Temer e seus ministros”.

Opinião

Para o economista Guilherme Mello, não existem explicações razoáveis para a prisão de Eduardo Cunha, ela serve como um instrumento para extorquir uma delação premiada.  

Leia o depoimento completo:

Sei que deveria comemorar a prisão de Cunha, mas não consigo. Apesar de considerá-lo um exemplo de tudo o que há de errado na política brasileira, não vejo explicações razoáveis para a prisão. O MP alegou risco a instrução do processo e de fuga do país. Quais as evidências disso? Ele pressionou testemunhas, destruiu provas? Se querem evitar a fuga, basta apreender os passaportes. Na minha opinião, essa prisão é mais um passo no Estado de exceção que vivemos. O cidadão fica preso por meses, antes mesmo de ser julgado. Sem justificativa nenhuma, apenas como instrumento de extorquir uma delação premiada. Delação que, por um acaso, só é aceita se o conteúdo condiz com as “convicções” do MP e do Moro. Caso contrário, a delação é rejeitada. Sei que deveria estar feliz mas, para mim, esse é mais um dia de tristeza com os rumos do Brasil e de nossa sociedade, cada vez mais midiática e autoritária.


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