O publicitário e pintor José Zaragoza, fundador da agência DPZ, teve vernissage de sua série de quadros Windows, ontem, dia 10. O trabalho é baseado em sua experiência na passagem do furacão Glória por Nova York, em 1985. Também foi motivo para inaugurar a galeria Canvas-SP. Zaragoza falou à Brasileiros sobre sua obra, janelas e pintar mulheres de coronel a la Goya.
[nggallery id=15901].
Brasileiros – Como foi experimentar a passagem de um furacão?
José Zaragoza – Eu fiquei sabendo do furacão quando estava saindo de um restaurante perto da Canal Street (rua ao sul da ilha de Manhattan, em Nova York) e indo para o meu apartamento, e vi várias janelas marcadas com um “x”. Eu achei estranho. No dia seguinte, os prédios, as janelas, estavam todas com os “x”. E nós ficamos esperando o furacão Glória. Não saímos de casa. E ele não veio, mas continuou o medo.
Brasileiros – E daí surgiu a ideia da série?
JZ – Esses quadros são a história do medo. Para colocar o “x” nas janelas foi muito rápido, um dia, uma noite e uma manhã. Mas não tiraram por semanas. Para tirar os “x” demorou muito tempo.
Brasileiros – A série começa em 1985, mas há quadros até 1989. A inspiração destes últimos ainda é o furacão?
JZ – Essa coisa da janela continua comigo. Eu construí na DPZ, no último andar, uma sala para eu ver a Avenida Paulista, para ver o Itaim, para ver a Faria Lima. E eu coloquei um dos meus quadros, enorme, que faz parte da paisagem que eu vejo lá. Então eu fico olhando as pessoas nas janelas.
Brasileiros – Como funcionou o seu processo criativo?
JZ -Não faço nada depressa. Eu faço as linhas verticais e horizontais, e depois faço o conteúdo, as formas geométricas, e vou sujando os quadradinhos, né? Vou imaginando que tem gente lá dentro. [ri]
Brasileiros – Como foi a experiência de deixar a Escola de Belas Artes, em Barcelona, para fazer o serviço militar?
JZ – Eu era um cara de muita sorte. Virei marinheiro e fui para Palma de Mallorca. Depois os oficiais descobriram que eu era artista, porque fazia o retrato dos meus colegas. Então passava todas as tardes fazendo retratos da mulher do tenente e da filha, da filha do coronel e a mulher etc. E eu fazia o retrato perfeitinho, mas para me vingar um pouco. Fazia que nem o Goya, parecido, mas feio.
Deixe um comentário