Como o Brasil, a OMS (Organização Mundial de Saúde) teve muitos desafios no ano que se encerra. Os resquícios da epidemia de Ebola, a crise humanitária na Síria, os problemas recorrentes de acesso ås terapias na África, o Zika, as doenças da modernidade (como obesidade, males cardiovasculares e câncer), o tabagismo… A luta não cessa.
Entre os destaques e iniciativas do ano, a entidade declarou o Zika caso de emergência de saúde global em fevereiro. Ainda naquele mês, a organização exortou os países membros a considerarem colocar classificação indicativa de idade em filmes que estimulam o hábito do cigarro.
Em março, um relatório da entidade mostrou que os riscos ambientais são responsáveis por mais de 100 diferentes doenças e danos. Poluição da água e do ar, exposição a produtos químicos e raios ultravioleta são alguns riscos mencionados. O aquecimento global e mudanças climáticas também estão na relação de responsáveis por enfermidades associadas ao meio ambiente.
Outro informe da OMS destacou a volta da febre amarela na África. No começo de 2016, Angola viu o retorno da epidemia da doença – que não assustava há 30 anos. Como resultado, uma intensa campanha de vacinação foi colocada em curso no continente e cerca de 30 milhões de pessoas foram vacinadas.
A saúde mental foi tema da entidade. Estudo mostrou que cada US$ 1 investido no tratamento da depressão gera uma economia de US$ 4. O cálculo inclui a produtividade no trabalho e a economia no sistema de saúde.
A OMS estabeleceu a meta de eliminar a hanseníase (também chamada popularmente de lepra) até 2020. Dados oficiais de 138 países de seis regiões abrangidas pela entidade mostram que a prevalência global da hanseníase era de 176.176 casos no final de 2015. A doença foi reconhecida nas antigas civilizações da China, Egito e Índia. Ao longo da história, pessoas afligidas têm sido frequentemente discriminadas por suas comunidades e famílias.
Em abril, a União Europeia foi a primeira região do mundo a se declarar livre da malária. Em novembro, a OMS anunciou que testes pioneiros com uma possível vacina contra a doença começarão em 2018. Em maio, o sudeste asiático se declarou livre do tétano neonatal. Agora, a região tem apenas 1 caso para cada 100.000 nascidos.
Em junho, a OMS declarou o fim da epidemia de Ebola. A epidemia ceifou mais de 11.000 vidas. Ainda em junho, muitos países declararam a eliminação da filariose linfática (elefantíase) e mais de 556 milhões de pessoas receberam tratamento adequado. Também a Tailândia se tornou o primeiro país da Ásia e da região do Pacífico a eliminar a transmissão de HIV e sífilis entre mãe e filho – essa foi uma das principais metas do Brasil, anunciada pelo governo no Dia Mundial da Aids (primeiro de dezembro).
A entidade internacional destacou também uma vitória histórica sobre a indústria do tabaco. O Uruguai ganhou uma causa contra a companhia Philip Morris em julho. A empresa desrespeitava uma das iniciativas do governo uruguaio para diminuir o consumo de tabaco. O Uruguai exigia que empresas cobrissem 80% da embalagem do cigarro com avisos sobre os malefícios do hábito à saúde.
A melhora da saúde materna também é um foco da organização. Em julho, um informe avisou o mundo que todos os anos 303.000 mulheres não sobrevivem o parto e 2.7 milhões de bebês morrem nos primeiros dias de vida.
A entidade também alertou para o aumento de mortes relacionadas ao consumo de álcool na Europa. É a maior taxa de morte relacionada à bebida alcoólica do mundo. Também a União Europeia é a região de consumo mais pesado de álcool do planeta, com mais de um quinto da população europeia com 15 anos ou mais reportando episódios de consumo intenso de bebida (cinco ou mais bebidas numa ocasião, ou 60 g de álcool) pelo menos uma vez por semana.
Segundo a OMS, o consumo pesado de bebida alcoólica é generalizado em todas as idades e em toda a Europa, e não apenas entre os jovens.
Um outro alerta ao mundo chamou a atenção para o idadismo, a discriminação contra idosos. O fenômeno exerce impacto na maneira como países adotam políticas públicas no mundo – com uma negligência dessa população.