Depois da repercussão negativa da nomeação de presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o governo anunciou nesta terça-feira (3) que a candidata mais votada em eleição interna irá assumir o cargo na entidade. Antes, Ricardo Barros, ministro da Saúde, havia ignorado eleição que contou com a participação de mais de 80% dos servidores da fundação e, em uma postura sem precedentes na história da entidade, decidiu nomear segunda colocada no pleito.
Em primeiro lugar, ficou a dra. Nísia Verônica Trindade Lima (2.556 votos); em segundo lugar, a dra. Tania Cremonini de Araújo-Jorge (1.695 votos). O resultado foi homologado pelo Conselho Deliberativo da Fiocruz e encaminhado ao ministro da Saúde em 28 de dezembro, mas Barros escolheu Tania Cremonini.
Em entrevista coletiva no Planalto, Barros se esquivou de explicar o porquê da nomeação de Tania. O ministro se limitou a dizer que ambas poderiam ter sido nomeadas “sem prejuízo a regra estabelecida” e que agora buscou apenas uma posição conciliadora.
Em protesto contra a ação impositiva de Barros, a comunidade da Fiocruz divulgou uma carta aberta ao presidente Michel Temer e à sociedade brasileira na qual declara esperar que a candidata Nísia Lima, que obteve a maioria expressiva dos votos, assuma a Presidência da Fiocruz, de acordo com a tradição da instituição.
A nomeação chamou a atenção de todos os setores da saúde. Em entrevista ao Saúde!Brasileiros, Ana Maria Costa, diretora do Cebes (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde), disse que a tentativa de nomear a segunda colocada tem motivação política.
“É claramente uma questão política. A Fiocruz tem sido bastante crítica às propostas políticas desse governo em relação ao setor, como por exemplo a proposta dos planos populares de saúde.”
“E a dra. Nísia representa, de certa forma, a continuidade da atual gestão, que é comprometida com o SUS e com a defesa do projeto constitucional”, disse.
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