Vai comprar em Berlim? A casa mudou de dono e de endereço

Usualmente os 15 anos são celebrados com uma grande festa. Com a feira de arte de Berlim art forum, porém, foi o oposto.

Em 2011 esta feira celebraria sua existência e sobrevivência em uma nova Berlim, reunificada e propagada como uma das plataformas mais vibrantes da cena de arte contemporânea da atualidade. Contudo, conflitos locais com galerias de renome – que deixaram de participar da feira há alguns anos – acabaram por enfraquecê-la. Os dissidentes criaram há quatro anos um evento paralelo denominado ABC – Art Berlin Contemporary, que deveria ser uma feira paralela sem o perfil usual dos stands padronizados. A ABC propaga um formato de mostra internacional de arte contemporânea. Este formato passou a ser tão bem sucedido que chegou rapidamente a um patamar de respeito, a ponto de ditar as regras no duelo travado com a feira principal, Art Forum Berlin.
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O conflito chegou ao extremo, a ponto de que, como uma não poderia vencer a outra, pensou-se na fusão das duas. Esta parceria implicaria na antecipação da data da Art Forum Berlin, que acontecia usualmente no final de setembro ou início de outubro, data próxima da rival Frieze – feira que ganhou um local de destaque no cenário das feiras de arte internacionais desde sua criação, em 2003. Além da alteração da data, os organizadores da Art Forum Berlin também concordaram com o abandono do usual local da feira, seguindo com a ABC para uma central de trens desativada no bairro de Kreuzberg. Este local, com caráter experimental, se propaga como o perfil da cidade, que está predestinada a não seguir uma evolução própria e abdicar de sua maturidade dando, assim, continuidade ao estigma de jovem cultura informal.

Com o anúncio do final da Art Forum Berlin, toda a comunidade artística local se sentiu órfã de mãe, predestinada a uma eterna infantilidade. Resta-lhe, porém, saciar sua ansiedade na feira predominante ABC,que este ano acontece sob o título “about painting”, sem considerar necessariamente características pictóricas usuais. O público pode, ainda, visitar algumas feiras paralelas dedicadas a artistas e galerias emergentes, como a Preview, que acontece no saguão de embarque do antigo aeroporto Tempelhof.

Com um certo gosto de abandono, toda cena artística local, acompanhada de poucos visitantes internacionais, deve percorrer a ABC, que reina como feira principal, sem deixar de estender seus tentáculos para os museus e galerias locais. Caso esta programação não satisfaça o desejo dos visitantes, resta ainda a possibilidade de visitar ateliês, localizados na cidade, de alguns dos mais renomados artistas internacionais da atualidade como Olafur Eliasson, Janet Cardiff & George Bures Miller, Carsten Nicolai e Jonathan Meese, entre outros. Ou, ainda, conhecer diversas coleções privadas abertas ao público como Boros, Hoffmann e me Collectors. Assim, Berlim continua a servir como uma plataforma cultural, um laboratório experimental, sem se fixar em um formato específico.


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