Considerado o Dia Mundial da Poesia, este 21 de março começou com a notícia do falecimento da poeta Eunice Arruda. Pouco conhecida do grande público, destacava-se no meio literário como uma das haicaístas mais expressivas do País. Eunice tinha 77 anos, tendo nascido em 15 de agosto de 1939, na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, interior Paulista.
A morte da poeta causou grande comoção. Nas redes sociais de autores, editores e outras pessoas do ramo, foi publicada uma enxurrada de homenagens a ela. A poeta Marília Kubota fez questão de pontuar sua discrição e a grandiosidade.
Para a Brasileiros, Kubota confessou a surpresa com o acontecido: “Não esperava pela notícia de sua morte”. Conheceram-se em meados de 2008, na casa do poeta e haicaísa Teruko Oda. “Eunice era muito elegrante. (…) A princípio a conheci apenas como haicaísta. Percebi, pela conversa que tivemos, que ela não se limitava a escrever haicai. Não fazia alarde sobre a sua poesia, nem sobre as atividades literárias”, completou.
O poeta e editor Vanderley Mendonça (Demônio Negro e Edith) lembrou em sua página de Facebook do encontro que teve com Eunice para homenagear o editor Massao Ohno, na Balada Literária de 2010. Massao foi quem publicou o primeiro livro dela, É tempo de noite (1960). “Uma vez, passamos uma manhã inteira num café falando de haicais. Ela me contou sobre a forma e as diferenças e como seu grupo entendia essa coisa de ocidentais fazerem haicais. Essa arte do fazer sem intenção. Ela era filha do ocidente com o oriente, sabia a arte do haicai como poucas pessoas. Sua poesia diz a leveza de tudo o que nos pesa viver”, escreveu Mendonça.
A poeta e haicaísta Alice Ruiz também se pronunciou sobre a morte da amiga. “Voe alto, poeta. Voe longe até onde tudo à tua volta seja só poesia. Voe, minha amiga. Viva Eunice Arruda”, publicou junto a um dos tantos poemas de Eunice, que lançou 12 livros, dentre eles um compilado de sua obra, Poesia Reunida (selo Paratemporâneo, 2012).
Pós-graduada em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, esteve presente em diversas antologias, seja no Brasil, Canadá, França, dentre outros lugares. Em 1974, foi contemplada pela Casa Latinoamericana, em Buenos Aires, ao vencer o Concurso de Poesia Pablo Neruda. Recebeu, em 1997, o Mérito Cultural conferido pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro.
O anúncio da morte foi feito ainda na madrugada em seu próprio Facebook, pelos três filhos: Pedro, Tiago e André Arruda. A página foi transformada em um memorial.
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