O psicanalista Luiz Alberto Py, contratado por Silvana Bianchi – avó brasileira de Sean Goldman, de 11 anos – para analisar as condições psicológicas do menino durante a entrevista veiculada pela rede de TV americana NBC na noite de sexta-feira, 27, afirma que o menino estava tenso e desconfortável na transmissão. Os resultados da avaliação foram anunciados na tarde desta segunda-feira, dia 30, em entrevista coletiva realizada no Rio de Janeiro.
Na entrevista, que ganhou grande repercussão no Brasil, o menino dizia estar feliz com a sua vida nos Estados Unidos ao lado do pai, a quem chamou de “melhor amigo” e “superpai”. Mas, apesar das afirmações do menino, Luiz Alberto Py disse que seu comportamento refletia um mal-estar. “Causou dor olhar a entrevista e ver o menino submetido a isso. De certa forma eu vejo com otimismo como ele consegue driblar esse desconforto. O Sean é um menino muito forte. É um sobrevivente, com a personalidade muito forte, felizmente”, afirmou o psicanalista.
Ressaltando que considerou a entrevista “invasiva e desnecessária” e que a exposição pode causar danos ao menino, Py disse ainda que a luta do pai contra a família brasileira pelo menino faz com que ele se sinta amado apesar das dificuldades. “As pessoas fortes (como Sean) tendem a se sentir amadas. Sean deve pensar: ‘Poxa, me amam tanto que até brigam por mim’”, disse.
Entenda o caso
O menino Sean Goldman – que morava nos Estados Unidos com a mãe, Bruna Bianchi, e o pai, David Goldman – foi trazido ao Brasil pela mãe em 2004 no que seriam férias de duas semanas no País. Porém, Bruna não voltou aos Estados Unidos, pediu o divórcio e casou-se novamente com o advogado Paulo Lins e Silva.
Quase cinco anos depois, Bruna morreu devido a complicações no parto da filha Chiara e a família brasileira iniciou processo de adoção de Sean. A guarda provisória foi conquistada pelo padrasto, mas David Goldman pediu o retorno da criança aos Estados Unidos.
Para os advogados de Goldman, o Brasil havia violado a convenção internacional do Tribunal Internacional de Justiça de Haia ao negar devolver seu filho, enquanto avós e padrasto brasileiros alegavam razões socioafetivas para ficar com Sean.
Após apelos do presidente americano, Barack Obama, e da secretária de Estado, Hillary Clinton, a Justiça brasileira determinou que Sean fosse entregue ao pai biológico, o que aconteceu no Natal de 2009.
Quando Sean foi levado do Brasil, um acordo de continuidade da relação familiar com a família brasileira foi assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Nele se estabeleciam condições para visitas e a manutenção do contato do menino com o padrasto, a irmã e os avós. O acordo nunca foi cumprido por David.
Na última sexta-feira, 27, o menino deu sua primeira entrevista desde a volta aos Estados Unidos à rede de TV americana NBC. Afirmando que era uma “crueldade” expor o menino desta forma, a avó, Silvana Bianchi, afirmou que não veria a transmissão. A família, porém, contratou um psicanalista para avaliar as condições psicológicas do menino.
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