Os principais desafios da economia verde

No fim da manhã desta segunda-feira, dia 11, a Seminários Brasileiros apresentou o segundo painel do seu encontro de palestras e debates Rio+20: Verdes e Desenvolvidos. Com o tema O Papel do Setor Público e Privado na Transição para a Economia Verde, os participantes da mesa discutiram como os dois setores podem criar alternativas para superar os dois grandes desafios que devem ser vencidos para o estabelecimento de uma economia verde bem-sucedida: a escassez de recursos naturais e a desigualdade social.

Para Giane Zimmer, Gerente Geral de Biodiversidade da Vale, o atual modelo de consumo não se sustenta. “A humanidade utiliza um planeta e meio para fornecer os recursos e absorver os resíduos. Se continuarmos assim, em 2050 estaremos usando dois planetas e meio”, disse.

Uma das maneiras de tornar o consumo mais sustentável é fomentar a implantação de fontes de energia com baixo custo socioambiental, como a energia eólica. De acordo com Laura Porto, vice-presidente da ABEEÓLICA, Associação Brasileira de Energia Eólica, essa modalidade vem crescendo de forma expressiva nos últimos anos. “Depois da China e da Indía, o Brasil é o país que mais contrata energia eólica por ano. O crescimento tem sido de 8% ao ano”, afirma Laura.

A vice-presidente também ressalta que, além da eólica, outras fontes de energia renovável – como a hidráulica e a biomassa – são cada vez mais fortes no País. “É um grande orgulho que, enquanto a média mundial do índice de renovabilidade da energia é 14%, o nosso é de quase 90%. Temos abundância em fontes renováveis, Isso nos dá uma grande segurança energética”, disse.

Outro participante da mesa, o diretor executivo da Ouro Verde Amazônia – empresa do Grupo Orsa-, Luiz Fernando Laranja, afirma que o setor privado já vem se modificando por exigência do governo e por pressão social e busca, cada vez mais, um novo formato de produção mais sustentável tanto no âmbito social como no ambiental.

Trazendo a experiência de sua empresa, Laranja exemplificou como é possível criar diferentes oportunidades de desenvolvimento das comunidades respeitando o meio ambiente. “O grupo Orsa busca valorizar e trabalhar junto com as comunidades nativas da amazônia com iniciativas como a da nossa empresa Ouro Verde Amazônia. Nessa empresa fazemos a embalagem e distribuição de castanhas do pará produzidas nessas comunidades”, conta. O diretor faz questão de diferenciar a iniciativa de sua empresa “ao que geralmente se pratica no mercado” afirmando que a Orsa valoriza o pequeno produtor e suas práticas sustentáveis “lutando por cada centavo” para este produtor.

Também apontando a criação de oportunidades como arma contra a desigualdade social, Laura Porto afirma que, com o fomento da geração eólica e de outras fontes de energias renováveis distribuídas pelo País, é possível levar desenvolvimento tecnológico e industrial onde antes não chegavam linhas de transmissão de energia. Isso gerará empregos e renda para as populações mais carentes em todas as regiões do País. “Além da contribuição ambiental, o benefício social é muito expressivo”, diz Laura.

Para Giane Zimmer, a questão da desigualdade social deve ser o grande tema da Rio+20. Para ela, o setor público e privado devem pensar de que maneira os benefícios gerados por uma sociedade podem ser distribuídos de uma forma mais igualitária. “Levando em conta que apenas 5% da população mundial é considerada rica enquanto 67% vive na pobreza, temos que gerar bases para que não haja uma distribuição de renda tão desigual”, disse.

Segundo Giane Zimmer, para sanar tanto a escassez de recursos como a desigualdade econômica da população, o setor público deve redirecionar o investimento para educação e tecnologias verdes, normatizar as novas práticas produtivas e incentivar as empresas com iniciativas verdes. O setor privado pode contribuir com o aprimoramento de indicadores e metas de sustentabilidade, monitoramento e divulgação da pegada ambiental e social das suas atividades, incorporação da sustentabilidade em todas as decisões da empresa e investir promovendo a cultura da sustentabilidade.

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