Aos 13 anos, como tantos adolescentes, o gaúcho Artur Cimirro empunhou seu primeiro instrumento, um violão, ambicionando partir para a guitarra elétrica e montar uma banda de rock e blues. A descoberta da linguagem musical o fez acrescentar à banda imaginária, que sonhava tornar real, um teclado. Foi então que, influenciado pelas primeiras aulas de piano, passou a ter contato com a música erudita e abandonou de vez as pretensões de se tornar roqueiro ou bluesman.
Bem sabemos, o aprendizado do piano começa cedo, aos 3, 4 anos. Mas Cimirro ignorou a regra e apostou na carreira de pianista erudito. Descobriu ser dono de um talento de fôlego. De 1998 para cá, chegou a ingressar em uma universidade de música, mas largou tudo em menos de dois anos para, a partir de 2001, especializar-se no repertório virtuosístico de compositores, como Liszt, Bach, Mozart, Beethoven e outras duas centenas de autores, obsessivamente pesquisados por ele. Cansado de tentar repercutir seu trabalho no Brasil, Cimirro começou a colher os frutos plantados no exterior em 2007, quando foi o primeiro estrangeiro a ganhar o Konkurs na Projekt Nagraniowy Zapomniana Muzyka Polska, na quinta edição do concurso que premia novos instrumentistas com gravações e resgatam a obra de autores da música erudita polonesa – Cimirro defendeu o compositor Carl Tausig (1841-1971).
Outra cartada dele arrebatou ouvintes e crítica: o registro em vídeo, publicado na internet em 2008, de um recital na cidade alemã de Düsseldorf, onde ele executou a ópera A Valquíria, de Wagner, somente com a mão esquerda. Françoise Choveaux, diretora artística do festival francês Les Amis Des Cabardièses, em um acesso de entusiasmo, classificou o gaúcho de “a reencarnação de Liszt”.
Em 2011, um convite para ir a Austrália colocou Cimirro diante de Alexander, o maior piano do mundo, fabricado pela Stuart & Sons. A viagem rendeu o CD e o DVD Cimirro Plays Stuart & Sons in Terra Australis, com temas escritos por ele para serem executados no gigante de 102 teclas e quatro pedais (pianos convencionais, tem 88 teclas e três pedais).
Quase anônimo por aqui, Cimirro segue conquistando admiradores no exterior. Entre os dias 3 e 13 de agosto, fará um concerto na França, integrando o festival parisiense Les Cabardièses de Pennautier, e recitais privados nas cidades de Cannes, Toulouse e Vitré. Na sequência, seguirá para Portugal, onde fará apresentações fechadas em Aveiro, Fátima e Lisboa. A agenda internacional ainda reserva em setembro um retorno à Austrália para novo registro em CD e DVD, com o monumental Alexander, e recitais em Sidney, Melbourne e Newcastle.
Cimirro é casado com a poetisa e escritora Anita Cimirro, que vem compondo com ele o poema sinfônico O Curupira, dedicado ao personagem folclórico. O casal vive na pacata São Carlos, no interior de São Paulo, cidade natal de Anita, e o pianista vai comemorar seus 30 anos na Austrália. Depois, seguirá para os últimos recitais, na Nova Zelândia, em Timaru, Christchurch, Auckland e Waiheke Island, em outubro.
A festa musical está garantida.
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