A Suprema Corte americana liberou a strip search. Trata-se da cada vez mais popular revista em gente pelada. Ou seja, o guarda cisma com você, manda tirar a roupa e vira proctologista (ele não, o suspeito). E olha que alguns dos meganhas daqui têm dedos que parecem cacetetes. É por essas e outras que o turista vindo para estes lados do Rio Grande deve evitar deslizes. Não cruze as ruas com o farol fechado, não cuspa no chão e, principalmente, não pareça árabe. Na menor vacilada, o elemento ganha grátis um exame de próstata.
Recentemente, uma garota de 17 anos foi cair na besteira de fazer um cruzeiro no Caribe com a família. Ah, pra quê! Ao chegar à Flórida, as autoridades suspeitaram que a mocinha estava com tudo em cima. Fizeram a acusada tirar a roupa, apalparam o quanto quiseram e depois a forçaram a fazer xixi na frente dos agentes. Queriam examinar até a urina. Não sei não, mas a coisa me parece sacanagem de um bando de tarados.
E de sacanagem os juízes da Suprema Corte entendem. Com aquelas togas negras, quem nos garante que os velhos não estão pelados por baixo dos panos? O tal de Clarence Thomas, por exemplo, adora um filminho pornô. Ficamos sabendo disso durante sua sabatina para confirmação no cargo. E, disseram as más línguas, o homem colocou um pelo pubiano na lata de Coca de uma colega de escritório. Para um sujeito desses, é moleza mandar as pessoas tirarem as roupas.
Ficou combinado que de agora em diante um cabra vai preso e, se o policial estiver a fim, tem striptease. Quando digo “preso”, não entenda o fato em um cenário de flagrante delito, mas sim uma detenção para averiguações. A quarta emenda da constituição – aquela que garante o direito à privacidade dos cidadãos – foi para a latrina. O próximo passo deve ser tatuar uma milhar no braço de cada pessoa.
O pior é que não vi uma única manifestação popular de monta contra isso. Está todo mundo se lixando. Afinal, grande parte dos cidadãos já postou as chamadas fotos desinibidas na internet. Vão mais longe: fazem confissões no Facebook que eu não faria nem sob tortura. E, considere-se, o que é uma milhar tatuada no braço para quem tem a cena da Santa Ceia gravada nas costas e um dragão na virilha?
Quando imigrei para este país, um guarda não podia parar um cidadão sem que houvesse “uma razoável suspeita” de conduta criminosa. Hoje em dia, um nariz adunco já é forte indicação de que alguma o cara está aprontando. “Vai tirando a roupa, Habib, que eu quero ver se um camelo passa pelo olho de sua agulha. By the way: você tem direito a um advogado, mas não a um tubo de vaselina. Agora, vira para o leste e assuma a posição de reza.”
Não adianta dizer que você é mariano, devoto da Virgem de Guadalupe. Com essa Suprema Corte, não terá mais virgens nos Estados Unidos da América.
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