Queridos, lamento que ontem eu não fiquei conectado, quando muitos de vocês vieram comentar meu post. À tarde, comentei um por um, podem voltar lá que encontrarão minhas respostas.
Nestas últimas semanas, dei a vocês a minha visão do mundo em que vivemos, do mundo com o meu querido Sindicato, e segui uma descrição simplificada de tudo. Grosso modo, eu aceitei a divisão da humanidade entre gays e héteros, e também a divisão dos gays entre assumidos e não assumidos. Os héteros foram divididos entre aqueles que aceitam os gays e os que não aceitam, e, estes últimos, por sua vez, foram divididos entre aqueles que nos respeitam e os homofóbicos, que nos agridem. E é assim mesmo, não enganei ninguém. Vocês mesmos compreenderam o que leram. Tudo isso ainda vale.
A questão, e acho oportuno colocar a minha visão, é que toda essa ordem está mudando, e mudando rápido. A realidade já é mais complexa que esse universo. Uma nova geração está vindo por aí com conceitos muito diferentes, e não falam apenas em sexualidade, mas em pessoas sexuais, que não são precisamente gays ou héteros, mas que escolhem os parceiros de acordo com o momento que vivem. Vale dizer que a orientação sexual já se mistura com opção sexual. Embora os temas estejam na mídia e, necessariamente, na pauta de reivindicações dos gays, o casamento gay e a adoção de crianças por casais gays já são realidades em nossa sociedade. O casamento entre pessoas do mesmo sexo já existe há décadas, eu mesmo conheço dezenas de casais, gays e lésbicos, solidamente casados, alguns há mais de 20 anos. Eles não esperaram a lei mudar para viverem juntos. Os tribunais de justiça já começaram a reconhecer esses casais em questões de dissolução da sociedade conjugal, e também na sucessão patrimonial de um parceiro morto, e aplicam a estes casos os mesmos princípios legais que valem para os heterossexuais. Qualquer gay, ou casal gay, que comprove ter uma mínima estabilidade doméstica e capacidade financeira, já não encontra grandes dificuldades para adotar uma criança, assim estão dizendo os próprios juízes encarregados da questão. A legislação, quando vier, e para variar virá atrasada aqui no Brasil, vai apenas reconhecer e facilitar os trâmites legais nesta realidade.
Estão assustados? Já era difícil e está ficando pior ainda? Pois as famílias heterossexuais típicas já vêm mudando há muito tempo, e o mundo não acabou. Na década de 1960, o “desquite” era pecado social, e hoje em dia a sociedade é composta por ex-maridos e ex-mulheres, os filhos convivem com enteados, os irmãos com meio irmãos, e com as famílias dos novos cônjuges dos pais. Mais recentemente, ainda, entraram em campo os pais biológicos. Só faltava, e este é sempre o meu tópico, encaixar os gays nisso tudo, como casais, e também como pais. Tudo parece apavorante e muito confuso? E as crianças, coitadinhas? Pois eu vou dizer a vocês minha opinião: as crianças que se sabem amadas pelos pais, ou por figuras paternas e maternas, tiram isso tudo de letra. Crianças que viviam em famílias desestruturadas ganham novas figuras em quem se apoiar. Os adultos também perceberão que a busca da felicidade não se prende mais à estrutura familiar e social que havia, e que novas oportunidades de vida feliz se abrem. Tontos podem ficar os mais antigos. Mas assim é a transformação da sociedade na nossa era.
Estão em pânico? Pois me digam vocês se eu estou delirando. Vocês acham que a sociedade está mudando para pior ou para melhor?
Abraço do Lourenço.
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