Empresas privadas, estatais e órgãos públicos interessados em prevenir corrupção e fraudes contam desde esta quarta-feira, dia 22, com uma certificação inédita no país que atesta a existência de requisitos mínimos em sistema de gestão de combate a ações ilícitas. O sistema foi lançado pela Fundação Vanzolini e se baseia em um modelo desenvolvido por uma consultoria dinamarquesa e adaptado para o Brasil.
A Fundação Vanzolini é uma instituição privada de 45 anos, sem fins lucrativos, criada e gerida por professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Voltada inicialmente para o desenvolvimento e disseminação de conhecimento em engenharia de produção, passou a atuar em áreas como certificação e também gestão de tecnologias aplicadas à educação e projetos.
De acordo com o gerente de Novos Negócios da instituição, José Salvador da Silva Filho, a adesão é voluntária e, para utilizar o sistema, a empresa precisa analisar o conteúdo da norma, implementar os requisitos e fazer as adaptações necessárias para atender à certificação. “Quando julgarem que estão atendendo a todos os requisitos, convocarão uma auditoria feita por nós. Nós realizamos uma auditoria independente e, se a empresa atender a todas as determinações, recebe esse certificado”.
Uma vez por ano, a empresa passa por uma auditoria de supervisão. O objetivo é que a organização aplique esse sistema de forma coerente e séria, melhorando seus controles e diminuindo os riscos de fraude e corrupção. “Isso trará uma série de ganhos para a organização porque as perdas com fraudes e corrupção impactam muito os lucros da empresa, e [também trará] ganhos para a sociedade porque a corrupção é causa de muitos males”.
A certificação é um documento com uma série de requisitos por meio do qual a companhia se compromete a alcançar determinado objetivo. Entre os requisitos está a definição pública de uma política de combate e prevenção à corrupção. “Ela define quais são seus compromissos, como transparência, comportamento ético, tem que fazer uma avaliação profunda para identificar os riscos de fraude e corrupção e o potencial desse risco se efetivar”.
Salvador explicou que, ao conhecer esses riscos, a empresa poderá implementar os controles para evitá-los e se, eventualmente, for detectado que houve as fraudes, poderá tomar medidas para mitigação. A empresa precisará ainda ter um canal para receber denúncias do público em geral, de um concorrente que se sentiu lesado ou mesmo algum funcionário. “Terá que ter um processo de comunicação forte também para mostrar à sociedade o que tem feito”.
O certificado também funciona para que a companhia mostre comprometimento em combater as fraudes e a corrupção. “Além do ganho financeiro, a organização promove um ambiente empresarial mais saudável e equilibrado, além de inspirar a confiança de parceiros com os quais trabalha”, disse Salvador. A dificuldade para implementação depende da maturidade da empresa e o tempo de sua complexidade, segundo avaliou.
Agência Brasil
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