O Brasil no longo prazo

Nessa quinta-feira, 30 de agosto, a Fecomercio, em São Paulo, abriu seu auditório para receber a 22ª edição do Congresso Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), que em 2012 tem como tema o “Brasil no Longo Prazo”. A Brasileiros marcou presença no primeiro dia de evento para conferir o que de melhor aconteceu.

Dando as boas vindas para o público, Lucy Sousa, presidente nacional da Apimec, fez breve discurso e ressaltou a importância do debate aberto sobre o futuro do Brasil na visão do mercado de investimentos. “Por duas décadas fomos obrigados a trabalhar sempre no curto prazo. Hoje, graças a nossa nova realidade, podemos nos planejar, criar estratégias para um crescimento a longo prazo, mais sólido”, comemorou. Antes de abrir a primeira mesa, Lucy ainda lembrou a coincidência de a 22ª edição do Congresso Apimec estar acontecendo em São Paulo justamente no ano em que a cidade comemora os 90 anos da emblemática Semana de 22, que revolucionou o cenário da arte moderna no País.

A mesa que abriu oficialmente o congresso foi a mais produtiva do dia em termos de prospecções para o Brasil de amanhã. Abrindo o bate papo, Luciano Almeida, presidente da Investe São Paulo apresentou um pouco do trabalho da empresa onde trabalha, além de apontar o que, em sua opinião, serão os prós e contras em busca do crescimento que o Brasil almeja. Para ele, todos os problemas que representam obstáculos para o progresso podem ser resolvidos, mas ele também lembrou que é importante não tratar o Brasil como um país apenas. “Somos vários ‘Brasis’”, analisou. Para dar força a sua fala, Almeida apresentou dados que mostram que São Paulo contribui com R$ 250 bilhões em tributos, dos quais, apenas R$ 29 bilhões são reinvestidos no estado. Apesar dessa questão, o presidente da Investe foi otimista ao encerrar sua fala. “Não somos mais o país do futuro, somos o país do presente!”.

Octávio de Barros, diretor executivo do conselho de administração do Bradesco, subiu no palanque na sequência e continuou com o discurso otimista. Começando sua palestra, ele já foi mostrando um ponto de vista poucas vezes explorados pelos menos informados. “O Brasil não está desacelerando, estamos crescendo aquilo que o mundo nos permite crescer”, comentou, lembrando que é impossível crescer de forma absurda enquanto a realidade do restante do mundo é de retração. Apesar de apontar a crise mundial como uma barreira, Barros disse acreditar que o problema na Europa não é o maior causador do problema econômico mundial. “A Europa não é vetor de crescimento faz tempo, a média de crescimento deles nos últimos 20 anos é de aproximadamente 1,7%”, revelou. Para ele, uma crise na China seria muito mais prejudicial para o Brasil e para o mundo.

Em seguida foi a vez do bem humorado Luiz Carlos Mendonça de Barros, da Quest Investimentos, compartilhar seu conhecimento com o público. Otimista, ele disse acreditar que a mudança de paradigma no Brasil tenha se dado com Fernando Henrique Cardoso, quando o ex-presidente estabilizou a inflação, o que fez com que fosse possível o crescimento da renda média do povo e, consequentemente, do Brasil, já que, segundo dados do mesmo, 2/3 do PIB do País se baseia no consumo.

Sobre a cobrança em cima do crescimento do Brasil, Barros disse não concordar com aqueles que pedem um crescimento igual ao dos Tigres Asiáticos, por exemplo. “Nossas sociedades são diferentes, eles são formigas, nós somos cigarras. Não me entendam mal, nós somos cigarras trabalhadoras, mas não abrimos mão do nosso final de semana, reclamamos de morar em um apartamento de 30m². Lá não existe isso”, comentou lembrando da famosa fábula de Esopo.

Para fechar a primeira mesa fazendo um contrapeso, Regina Nunes, presidente da Standard & Poor’s Brasil, falou sobre a atual situação do Brasil para os investidores externos. Ela explicou que a Standard e Poor’s está desde 2008 no Brasil fazendo pesquisas e análises para classificar a condição do país para se investir capital estrangeiro. Apesar de concordar com outros palestrantes sobre a relativa independência da economia brasileira, que vem caminhando com suas próprias pernas mesmo com a crise internacional, ela foi dura nas críticas direcionadas a burocracia e as altas cargas tributárias. “Tudo no Brasil demora para se fazer de acordo com a lei graças a sua complicada burocracia, isso espanta investidores”.

Na classificação da Standard & Poor’s, o Brasil foi primeiramente avaliado como um país BBB-. Em pouco tempo, um recorde segundo Regina, o Brasil mudou para BBB, perdeu o sinal negativo, mas ainda falta para alcançar um AA, a nota mais alta. A economista falou que quando o País resolver a questão tributária, certamente o caminho irá encurtar. O único país latino-americano a obter a pontuação máxima é o Chile.


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