“Mas quem é o Brasil? É o João da Silva Brasil, que sai da cama às 4 da manhã, prepara o café para ele mesmo e para a esposa, caminha até o ponto de ônibus, viaja três horas em pé, trabalha duro o dia todo e dá umas risadas com os amigos, agüenta firme a gozação quando seu time perde, discute ética sem nem saber que está discutindo, quer um país melhor para ele, para todos os amigos e conhecidos, para os camaradas ainda mais miseráveis que ele? Ou o Mané Brasil Pereira, que é funcionário fantasma do gabinete de um político em troca de 200 contos, joga entulho no córrego do bairro porque ‘feio mesmo é a corrupção desses safados’, ouve música bem alto a qualquer hora do dia ou da noite e maltrata o gato do vizinho? Também pode ser o Lucas Brasil, universitário de boa família que troca o descanso no fim de semana por um mutirão na periferia, que cria um blog divulgando os lugares onde é possível estacionar sua bicicleta, leva o material reciclável na cooperativa da esquina e adotou um vira-lata. Enfim, eu acredito no Brasil. No Brasil que fica incomodado com o sofrimento alheio, que se pergunta o que pode fazer a respeito disso, que sacrifica o próprio conforto para oferecer algo para os outros, que toma uma ou várias atitudes pensando no bem coletivo. E, apesar da má vontade, do egoísmo, da ganância ou da vaidade de uns e outros, tem muito Brasil assim, generoso e consciente, soprando um ânimo na cara da gente.”
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Soninha, vereadora pelo PT na cidade de São Paulo e comentarista esportiva
“Escrevo para crianças, acredito em fadas. Fui militante de esquerda por anos. Nestas últimas décadas, vivi momentos emocionantes, libertários, confusos, indignados, reflexivos, saltitantes. Sempre vitais. Mesmo em plena ditadura. Com este desgoverno, só tenho reações viscerais. Enojada, envergonhada, pasmada com os ideólogos duma boa boquinha para si e seus familiares. Com as ações desta gentalha desclassificada, com esta canalha pró-mamatagem y ça suffit, apenas consigo vomitar… Nem suscitam mais uma boa deprê. Atônita, volto a um termo adolescente. Alienação! Dá pra acreditar? Como versejou o poeta, ‘de tudo resta um pouco’. Continuo acreditando em fadas.”
Fanny Abramovich, educadora e escritora
“Uns tempos atrás eu era muito descrente. Achava que as reformas não iriam acontecer. Mas, ultimamente, penso que, apesar de todos os pesares, o brasileiro parece ter aprendido a viver sem a política. Se não atrapalhar é que o país vai. Como agora: nem a situação nem a oposição estão atrapalhando, o país está indo. As futuras gerações vão usufruir de um Brasil melhor, pois estão aprendendo a conviver sem a política. Quem dá bola para a política no Brasil é só político.”
Eduardo da Rocha Azevedo, economista, foi presidente da Bovespa e fundador da BM&F
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