Disputa no setor elétrico antecipa campanha de 2014

A presidenta Dilma Rousseff garantiu nesta quarta-feira, dia 5, a uma plateia de empresários, em Brasília, que o governo federal “não recuará” da decisão de baixar as tarifas de energia elétrica, e afirmou “lamentar profundamente a imensa falta de sensibilidade daqueles que não percebem a importância disso agora para permitir que nosso País cresça de forma sustentável”. O discurso foi mais um round na briga com os governadores tucanos de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, estados que detêm o controle de empresas de energia. As companhias se negaram a aceitar a proposta de renovação antecipada de concessões que venceriam até 2015, em troca de cortes no preço da conta de luz.

A disputa permitiu ao senador Aécio Neves engajar-se na campanha à Presidência em 2014, apenas um dia depois de ter a candidatura lançada por líderes tucanos. Ontem, na tribuna do Senado, Aécio falou em nome do governador de Minas Gerais, Anastasia. Mas representou, por extensão, todos os estados tucanos. Acusou o governo de intervencionismo e quebra de contratos. Usou termos como “imprudência” e “desatino” ao se referir ao modo como o governo federal decidiu baixar as tarifas em até 28%, já em 2013.

Na prática, os tucanos tentam escapar de assumir publicamente a culpa pela redução na energia elétrica menor do que a anunciada. O governo federal previa atingir um corte médio de 20,2% nas contas, mas, sem a adesão das empresas dos três estados, a economia média vai ficar em 16,7%. Os governos vão tentar, na Justiça, comprovar que a renovação das concessões, por já ter sido aplicada a outras companhias, tornou-se obrigatória.
O caso não representa, como chegou a dizer Aécio, uma “gravíssima instabilidade” no setor elétrico. A quase totalidade das concessionárias sujeitas à proposta de renovação antecipada pertence ao setor público, ainda que tenha acionistas minoritários. E o sistema Eletrobras, federal, responde sozinho por mais da metade dessa capacidade de geração. Foi isso o que garantiu o sucesso parcial do plano do governo.


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